A França é hoje uma nação de grandes qualidades futebolísticas. Do futebol gaulês surgem inúmeros talentos que passeiam a sua classe pelo mundo fora. Nem sempre foi assim. Entre a geração de Platini que conquistou o Euro 84 e os feitos que tiveram inicio em 98, o futebol francês conheceu um período negro, marcado pelas ausências dos mundiais de 90 e 94. Essa fase, coincidiu também com uma escassez de talento individual gaulês... com as devidas excepções! Uma delas: David Ginola.
Curiosamente, este foi um talento descoberto por um Português: Artur Jorge. O técnico português conheceu o jovem Ginola no Matra Racing de Paris (Ginola teria 21 anos nessa altura), tendo-o recrutado para o PSG em 1991, quando Ginola já actuava no Brest. No PSG, Ginola mostrou o seu talento ao mundo, ajudando a compor aquela que terá sido a mais brilhante equipa de sempre do PSG, com Valdo, Ricardo, Lama, Le Guen, Rai e, sobretudo, Weah. Em 1995, o brilhantismo do extremo convenceu Kevin Keegan a levá-lo para o emergente futebol inglês, integrando o ambicioso projecto do Newcastle. Era a equipa da moda em Inglaterra, com Ginola e Asprilla como referências principais, o Newcastle perdeu um célebre campeonato para o Manchester United já bem perto do final, acabando por precipitar o desgaste de Keegan e a sua saída. A chegada de Kenny Dalglish não foi favorável para Ginola que partiu rumo ao Tottenham onde confirmou o seu talento com golos e jogadas deliciosas. Ginola passou 3 temporadas no Tottenham, rumando depois ao Aston Villa onde foi perdendo fulgor com o evoluir da idade. Em 2002 concluiu a sua carreira após uma fugaz passagem pelo Everton.
Se ao nível de clubes, Ginola mostrou o seu talento ao longo dos anos, já no que respeita à Selecção a sua carreira deixa muito a desejar. Apenas 17 jogos num jogador de tanta qualidade é algo invulgar que pode ser explicado pelo prematuro afastamento dos “Bleus”, forçado por Aime Jaquet após o falhanço de 94. Ginola foi um dos sacrificados (Cantona foi outro) de uma renovação que produziu os frutos que se conhecem.
Ginola era um raro destro que actuava como extremo esquerdo (na altura era uma situação bem mais fora do comum). Um talento inegável, capaz de produzir desequilíbrios a partir de qualquer zona do campo, mas com algumas lacunas na intensidade que emprestava às suas actuações. Na sua performance “sem bola” reside, aliás, a razão de não ter passado mais tempo por equipas de topo do futebol mundial. Em Inglaterra Ginola tornou-se numa estrela em todos os sentidos, participando inclusive em anúncios de shampoos. Actualmente tem 40 anos.