23.5.07

Livepool - Milan: o lançamento da final

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Aí está o climax da época clubistica. A final de Atenas junta, pela segunda vez em três anos, dois clubes que parecem talhados para esta competição. Não serão as melhores equipas da europa – não é isso que uma prova como a Liga dos Campeões distingue – mas será, certamente, uma delas a vencedora da mais importante prova de clubes a nível europeu.
O Jogo
Há 2 anos o jogo foi um vulcão de emoções que surpreendeu, até, os mais arrojados. Este ano a história deverá ser diferente. Para além da improbabilidade da repetição do resultado, creio que também as equipas estão diferentes, com o Liverpool mais próximo do potencial do seu rival.
Ao contrário do vencedor de 2006 – o Barcelona – Milan e Liverpool são duas equipas de “tracção atrás”, tendo na compacidade do seu bloco defensivo a base de sustentação do seu jogo. Com sistemas, dinâmicas e intérpretes diferentes, Liverpool e Milan são fortes no seu pressing zonal baixo, privilegiando defender bem à largura do campo em detrimento de um pressing mais perturbador para as primeiras fases de construção adversárias. O Liverpool fá-lo com duas linhas de 4 homens e o Milan com uma de 4 e outra de 3. Ainda assim, e ao contrário do que era a tradição italiana e inglesa, creio que o Milan é menos focado no equilíbrio defensivo, tendo mais confiança na capacidade dos seus elementos ofensivos para assumir o jogo. Benitez tem um modelo mais calculista e metódico e, por isso, creio que o Milan arriscará mais facilmente ser dono do jogo desde o início. Do outro lado, Benitez vai, certamente, acautelar-se pela invulgaridade da disposição ofensiva do Milan, tentando depois surpreender nas transições e nos momentos especiais do jogo – bolas paradas e segundas bolas ofensivas. Da eficácia e dos pormenores sairá o destino do resto da partida. Os golos trarão intensidade emocional (especialmente intensa nestas partidas) e, aí, os que melhor reagirem vão tirar grande partido.

Milan
Ancelotti não deverá surpreender. 4-3-2-1, com Pirlo como maestro de uma equipa que dificulta as referências defensivas dos adversários. Inzaghi é lançado “às feras” mas a sua bravura dificilmente poderá dar repouso a qualquer defesa. A presença singular de um avançado e o posicionamento mais interior (e livre) de Kaka e Seedorf atraem as marcações dos defensores para fora da sua linha defensiva, abrindo espaços para as diagonais de rotura. De resto, os laterais são quem dá largura ofensiva, tentando abrir a defensiva oposta para que se criem mais espaços na zona central onde surge um elevado número de jogadores. Os laterais aproveitam também muitas vezes o facto da defesa adversária ter referências de marcação interiores, tendo tendência para soltar o espaço nas alas. Individualmente, e em termos ofensivos, as explosões de Kaka e a técnica de Seedorf e Pirlo são os trunfos de Ancelotti.

Liverpool
Um treinador latino com um sistema bem britânico: 4-4-2, com duas linhas claras de 4 homens. Benitez tem 3 nuances no seu sistema. A mais ofensiva, com Gerrard no centro da linha média e com dois extremos puros. A intermédia, com Gerrard na direita, dois homens de combate no centro do meio campo (Alonso e Mascherano) e um extremo do lado oposto. Finalmente, a mais defensiva, com Gerrard atrás de uma única referência ofensiva. Não é certo, mas Benitez deverá apostar na do meio. Se assim for, a equipa será assimétrica no seu comportamento, tendo em Gerrard o elemento de maior imprevisibilidade. A bola entrará mais vezes na esquerda, mas o Liverpool procura usar com frequência variações de flanco para libertar Gerrard no espaço que se cria pela basculação feita para o lado oposto. A frente de ataque é também um ponto forte, com grande poder de choque e mobilidade, sendo eficaz num jogo de segundas bolas, o que leva a equipa a tentar vários “esticões” através de abordagens mais directas. Ofensivamente, Benitez contará com o portento de Gerrard que é um dos jogadores que melhor partido tira dos espaços em todo o mundo. Xabi Alonso deverá ser o coordenador do jogo e, Crouch e Kuyt os “gigantes” de encaixe quase impossível.

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