22.5.07

2006/2007: O Campeão e a Liga

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Terminou a liga com o Porto, ainda que com mais dificuldade do que inicialmente se previu, a sagrar-se Campeão. Sobre a competição já aqui tenho deixado as minhas opiniões, pelo que o balanço final não deverá surpreender:

- Foi uma prova entretida até ao final mas com um nível baixo de competitividade. A redução de clubes deveria ter aproximado as valias entre os participantes, mas isso não aconteceu. Porto, Sporting e Benfica foram demasiado superiores à concorrência e a falta de outros adversários de maior valia acabou por gerar pouca diferenciação na luta pelo título, fazendo com houvesse poucos pontos perdidos e, por isso, muita proximidade entre os candidatos. No outro extremo, tivemos concorrentes com uma debilidade aterradora: o que dizer quando uma equipa tão notoriamente frágil como o Setúbal consegue a manutenção? Ou quando uma formação que andou tanto tempo sem ganhar, como o Aves, luta pela permanência até à última jornada? Para mim, um sinal de que este modelo não serve e de que urge mudar...

- Por aquilo que escrevi acima e pela proximidade pontual, dificilmente poderei atribuir grande fatalismo à conquista portista. Ainda assim, creio que o Porto foi, de facto, a equipa mais forte durante mais tempo na prova. Contando – na minha opinião – com o melhor leque de individualidades da liga (apesar de algum desequilíbrio na composição do plantel), o Porto foi uma equipa globalmente bem orientada por Jesualdo Ferreira. Cortando com algumas filosofias de Adriaanse, Jesualdo manteve a zona, mas passou a privilegiar o equilíbrio defensivo e a optimização da escolha dos melhores momentos para atacar. Criou um modelo que tirava partido das qualidades de Quaresma e o Porto deu-se bem com isso durante grande parte da prova e apenas a instabilidade final retira ao título um maior brilhantismo. Na base deste fenómeno terminal, creio, estão as suspensões (sobretudo de Quaresma) e lesões (Pepe e Lisandro, fundamentalmente) que obrigaram Jesualdo a mexer com o sistema e com algumas das rotinas já devidamente assimiladas.

As individualidades (apenas algumas):
- Hélton: provou que é um excelente guarda-redes, apesar de uma, breve, má fase (quem não a tem?).
- Bosingwa: afirmou-se pela velocidade, técnica e energia. Compensa com estes atributos algumas lacunas que ainda tem para quem actua numa posição tão recuada.
- Fucile: uma grande adaptação e revelação. Foi a solução para aquilo que poderia ter sido um problema: o flanco esquerdo.
- Pepe: é o grande central do futebol português – que saiba gerir a sua carreira.
- Bruno Alves: foi uma das revelações – sem dúvida. Sobre ele mantenho, no entanto, algumas reservas. Creio que terá sido um dos mais beneficiados da boa organização defensiva incutida por Jesualdo.
- Assunção: não tem no modelo de Jesualdo o mesmo peso que tinha com Adriaanse. Ao contrário de outros, prefiro um jogador mais forte nas transições ofensivas – sobretudo no desequilibrado futebol português.
- Lucho: o jogador que melhor leitura faz dos espaços no futebol português – por isso marca tantos golos e é tão útil mesmo quando não parece. Teve uma época difícil. Foi vitima de algumas dificuldades físicas e, sobretudo, da instabilidade na composição do meio-campo portista. Não foi uma grande época, mas é um grande jogador.
- Lisandro: jogador ímpar no plantel portista e dele se ressentiu a equipa quando se lesionou. O complemento ideal para as características de Quaresma.
- Adriano: duas perguntas: quantos golos teria marcado se tivesse alinhado desde o ínicio? O que teria acontecido ao Porto se Jesualdo o tivesse mantido de fora?
- Quaresma: sei que a memória é curta e creio que pode e deve melhorar em vários aspectos, mas... foi o epicentro do modelo de Jesualdo, o melhor jogador do Porto e da liga.

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