15.5.07

Paços de Ferreira - FC Porto: Talento "encaixado"

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- No lançamento do jogo abordei aqui aquela que era, previsivelmente, a novidade com “mais peso” na equipa portista no jogo de Paços de Ferreira: a coexistência de Anderson e Quaresma. Recuso-me a crer que existam jogadores inconciliáveis – sobretudo quando estamos a falar de inequívoco talento – mas, como referi na altura, é preciso que as equipas definam prioridades e hierarquias no seu modelo de jogo. Claramente o Porto não as tem, o que se entende dada a raridade com que Quaresma e Anderson foram, simultaneamente, primeiras opções.

- O Paços não é uma equipa brilhante mas é eficaz – basicamente eficaz. Baseado-se num modelo a lembrar a “fórmula Pacheco” que marcou a era imediatamente anterior à entrada em cena de José Mourinho, José Mota não tenta vestir fatos que não lhe servem: 4-3-3, homem-a-homem e uma cultura de grupo que começa no balneário mas que se sente no terreno de jogo, na concentração e disciplina táctica que os seus jogadores revelam.

- O Porto foi “encaixado” num campo com pouco espaço e o seu colectivo teve dificuldades em impor-se ofensivamente perante a inegável duplicidade de referências (Anderson e Quaresma) e a desinspiração de alguns elementos (Lisandro). O golo do Paços acrescentou tensão à problemática e o Paços, sem dominar, controlou durante muito tempo.

- Foi já com muita gente na frente e no seu melhor momento no jogo, que o Porto chegou a um golo justo, mas feliz. O “timing” foi perfeito – antes da fase do desespero, normalmente marcada pela falta de clarividência das equipas que atacam. O jogo tornou-se diferente. O Paços juntou a fragilidade emocional ao cansaço de quem resistia à bastante tempo e o Porto descomprimiu o seu futebol, tornando-o mais fluído e consentâneo com a real valia colectiva. Sem ter feito um jogo bom, o Porto até poderia ter ganho.

- Num jogo entre equipas do topo da tabela, o Paços foi, mais uma vez, bravo na sua actuação. José Mota referiu-o no final e é verdade: não teve recursos para dar continuidade ao que conseguiu fazer durante grande parte da partida. Mais um sinal do desequilíbrio atroz de um futebol português onde os grandes (todos eles, entenda-se) quase nem precisam de ser bons para ganhar quase sempre.

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