3.3.09

Izmailov e o raro erro defensivo no clássico

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Izmailov e o pressing portista
Destacar um nome acima de todos os outros num clássico tão pouco fértil em iniciativas individuais de realce é complicado. Ainda assim, se me pedissem, nomearia Izmailov para essa designação. A razão tem a ver com a utilidade do médio ao longo do jogo mas, sobretudo, com a sua influência nas jogadas ofensivas do Sporting, sendo várias vezes solicitado e correspondendo sempre com grande qualidade. Um dos aspectos que definem Izmailov como médio completo (e aqui apenas abordando aspectos ofensivos) é a forma como ele participa na construção da jogada e muito rapidamente ataca zonas de finalização, criando desequilibrios nessa zona decisiva.
Nestas jogadas de Izmailov, gostaria de destacar um aspecto que explica a preferência que o Sporting deu à saída de bola por aquele flanco e que tem a ver com o Porto e com a sua disposição táctica. Pelo facto de ter actuado com Pedro Emanuel na direita e sem um extremo mais fixo nesse flanco, o Porto deu prioridade quase invariavelmente ao seu lado esquerdo para atacar. O bom jogo defensivo do Sporting conseguiu anular muitas dessas investidas, saindo depois em transição pelo flanco oposto, onde se libertava sempre o corredor. Aqui surge o outro lado da incapacidade portista para se impor no jogo. É que o Porto, ao contrário de outros tempos, tem hoje muita dificuldade em manter o seu pressing eficaz. Este é um aspecto que tem a ver com a liberdade dada a Hulk e Lisandro e que já foi aqui mencionado há muito tempo. O facto de mover os jogadores ofensivos todos para a mesma zona, não só “afunila” o jogo ofensivo como condiciona o bloqueio à saída de bola pelo flanco oposto, pelo facto, óbvio, dos jogadores estarem muito distantes dessa zona. Aproveitou Izmailov.

A ressaca da bola ao poste
Muitas vezes insisto na importância dos momentos emocionais dos jogos e da forma como as equipas a eles reagem. É um aspecto curioso do futebol e que é difícil de objectivar, mas não é por acaso que muitas vezes assisitimos a períodos absolutamente contrastantes nos jogos. Um jogo aparentemente fechado pode, de repente, dar 2 ou 3 jogadas de perigo sem que nada o fizesse prever. No clássico do Dragão as 2 melhores ocasiões do Sporting surgem de forma consecutiva e com a particularidade de, no segundo lance, haver um erro defensivo evidente e raro no jogo. Provavelmente o facto de ter acontecido 2 minutos após a bola ao poste de Liedson não é um acaso.
Sobre o lance, foi curioso assistir à discussão posterior de Bruno Alves e Rolando. Não sei, naturalmente, o que está rotinado na equipa do Porto, mas num lance deste tipo inclino-me muito mais para a responsabilização de Cissokho, o lateral do lado oposto. Isto porque, o a protecção do primeiro poste é normalmente decisiva, ficando depois a marcação à responsabilidade do outro central e do lateral do lado oposto. Aqui, o problema terá sido a excessiva focalização de Cissokho em Pereirinha, não dando prioridade a uma zona muito mais relevante para a jogada.

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