12.3.09

Porto - Atlético: Controlado

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Foi um jogo atípico aquele que se viu no Dragão. Essa característica teve origem numa antecipação errada de ambos os treinadores daquela que seria a postura do adversário, acabando por conduzir a partida para um longo período de jogo mais fechado do que aquilo que inicialmente se poderia supor. Ambos os treinadores pensaram o mesmo. Ou seja, que seria o adversário a tentar ter a iniciativa do jogo. Jesualdo, porque o Atlético era quem partia atrás na eliminatória. Abel, provavelmente, pelo factor casa portista. A qualidade com que o fizeram não foi a mesma, mas ambos apostaram em dar prioridade aos equilíbrios defensivos, reservando as ofensivas para momentos de transição. O resultado foi, obviamente, um deserto de desequilíbrios durante grande parte do jogo. Como era o Porto quem tinha vantagem, acabou por ser Abel a alterar e, a partir daí sim, vimos um jogo mais aberto com várias ocasiões de golo, mas todas para o mesmo lado, com o Porto a ter algum infortúnio em não ter conseguido a vantagem no período que antecedeu a recta final do jogo.

Atlético – Abel pareceu depois da primeira mão ter percebido as suas debilidades. Mudou o sistema para equilibrar o meio campo e encolheu-se tacticamente. A qualidade individual do Atlético permitiu-lhe equilibrar o jogo durante muito tempo, mas a fraca qualidade dos seus processos colectivos não passou em claro. Mesmo perante um Porto mais preocupado em equilibrar-se do que em pressionar, a posse de bola não foi totalmente segura na sua saída. Depois, para além de não ligar bem o jogo em organização ofensiva, foi sempre lento a fazer desdobramentos ofensivos em transição, identificando-se várias situações em que a bola entrava no bloco portista mas ficava sem linhas de passe para continuar a progredir. Defensivamente conseguiu neutralizar o Porto durante 1 hora, mas fê-lo à custa de uma estratégia que não adiantava laterais e mantinha sempre muitos jogadores atrás da linha da bola. Quando procurou adiantar-se foi completamente subjugada pelo ataque portista que não teve dificuldades em criar situações de golo. A qualidade individual ajuda a contornar muitos destes problemas e a verdade é que, ao fim de 180 minutos muito fracos do ponto de vista colectivo, faltou apenas 1 golo para o Atlético se apurar!

Porto – Apesar do Atlético ter surpreendido, o Porto fez uma excelente partida. O meu destaque vai para o controlo que o Porto conseguiu fazer em todos os momentos do jogo, contando apenas uma transição perigosa do Atlético em 90 minutos. Neste aspecto, parece-me relevante a reacção que a equipa teve quando, finalmente, o Atlético se abriu. Mostrar-se lúcido e organizado no inicio é uma coisa, ter de responder da mesma forma quando o jogo já leva mais de 1 hora, é outra. O facto do jogo ter mudado o seu cariz no segundo tempo poderia ser uma ameaça para o Porto, mas a reacção foi fantástica, não dando hipóteses ao Atlético de surpreender e tirando, finalmente, partido do espaço que existiu. O empate serviu, mas foi ingrato.
Jesualdo lembrou-o e eu faço o mesmo. Alguém se recorda do que se disse em dado momento menos positivo da época? O futebol é mesmo assim, cheio de bons prognósticos no final dos jogos, mas a qualidade de quem comanda o Porto está lá e estaria também se a sorte tivesse sido outra. Atingido o objectivo, resta agora desafiar o destino. Nesse sentido, parece-me que o Villareal seria o caminho com mais probabilidade de sucesso. A evitar destaco 3 nomes: Liverpool, Manchester e Barcelona. Creio que o título não escapará a 1 destes emblemas e penso mesmo ser muito provável uma final entre 2 deles. Para o Porto conviria manter-se fora da sua rota, esperando, quem sabe, por um progresso feliz da prova.

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