19.9.07

Porto - Liverpool : 15 minutos

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A história de um jogo nunca se conta pelo que acontece apenas nos seus primeiros 15 minutos mas em muitos casos a diferença entre ganhar e perder fica em grande medida determinada por esse curto período. O Porto entrou forte, determinado a surpreender o Liverpool e essa revelou-se uma opção estrategicamente acertada já que, vistas bem as coisas, foi apenas na abertura que os ‘Reds’ aparentaram perder o controlo sobre as ofensivas portistas. Nestes casos, e ainda mais em jogos deste calibre, é fundamental materializar o ascendente, algo que o Porto conseguiu sendo, no entanto, traído pela sua eficácia mas na baliza oposta, onde concedeu o empate à primeira chegada do Livepool.
Em termos de disposição táctica não houve surpresas, com Jesualdo a reproduzir o 4-3-3 que tem a particularidade de não ter um verdadeiro ponta de lança a fazer de 9. Do lado do Liverpool, Benitez não introduziu o 4-4-1-1 que tantas vezes reservou para os jogos mais complicados e foi ainda mais longe colocando Pennant, Babel e Gerrard no seu 4 de meio campo, deixando o mais posicional Xabi Alonso no banco. Ainda no que respeita às opções iniciais nota para a inclusão de Babel na esquerda o que foi um factor inibidor para Bosingwa, menos dominador do que é costume no seu flanco. Babel, já o referi, é na minha opinião um jogador com todo o potencial para actuar na frente e não sobre o flanco – tem características semelhantes a Henry – mas a sua capacidade física é tão impressionante como a sua técnica e foi por aqui que Bosingwa teve dificuldades em conseguir superioridade.
Após o golo a pressão portista dissipou-se naturalmente e o Liverpool, apesar de nunca ter dominado o jogo, passou a controlar sempre os Dragões, jogando no seu bloco zonal defensivo muito pressionante, que poucas equipas no mundo são capazes de ultrapassar e não permitindo que pudessem aparecer os 1x1 (já o tinha antecipado e contei uma só vez que Quaresma desfrutou para ir para cima do adversário sem que este estivesse auxiliado por um colega), ou que os portistas pudessem aproveitar o espaço entre linhas (por aqui se explica muito da discreta actuação de Lucho um jogador que faz a diferença no bom aproveitamento que faz dos espaços). Quando Pennant foi expulso, os ingleses concentraram-se ainda mais em apenas defender e o Porto passou o resto do jogo a bater contra aquela brilhante muralha defensiva. Não há nada de errado em ter dificuldades para ultrapassar aquela que, para mim, é a equipa que melhor defende no mundo mas o Porto tem alguns pontos a rever na incapacidade ofensiva revelada. Primeiro, o facto de Quaresma ter aparecido particularmente desinspirado nos lances de bola parada, batendo muitas vezes mal livres, directos e indirectos, em que costuma ser perigosissimo. Segundo, a entrada de Farias para jogar com 2 homens na frente. Jesualdo fez o que qualquer um na bancada teria feito em superioridade numérica – meter mais um avançado – mas será que a equipa se mostra adaptada e rotinada para jogar dessa maneira? Parece-me que não. Terceiro, a saída de Tarik. Mariano não trouxe nada de novo, antes pelo contrário, e o que pergunto é se face ao seu rendimento Tarik não foi sacrificado por falta de estatuto. Outro aspecto neste ponto é a necessidade de fazer substituições mesmo que elas não antecipem nenhuma melhoria, muitas vezes os treinadores sentem-se simplesmente pressionados a mexer.
Finalmente, sobre o golo sofrido pelos portistas fica a sensação de que Hyypia deveria ter sido, pelo menos, mais perturbado na hora de fazer o primeiro cabeceamento. Ainda assim, o finlandês é exímio no ar e depois do seu primeiro toque é muito complicado manter a vantagem nas marcações.

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