9.8.07

Sub 20 - Vale a pena arriscar?

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Entre as várias aquisições do defeso no futebol português, contam-se um número relevante de apostas significativas – em euros, entenda-se – em internacionais sub 20 estrangeiros. Aqui, destacam-se Di Maria e Adu no Benfica e Leandro Lima no Porto, adoptando o Sporting um estratégia claramente diversa e que aqui já abordei. A questão que levanto é se os investimentos mais significativos do futebol português devem ou não ser dirigidos em atletas de tão tenra idade?

No passado foram várias as apostas de cada um dos clubes grandes. O Sporting, agora mais voltado para jovens por si formados, teve durante grande parte dos últimos anos uma politica de contratações bastante dirigida para este tipo de jogadores, apostando em valores altamente promissores e, muitas vezes, com elevado custo de aquisição. Duscher terá, neste contexto, sido a melhor aposta dos dirigentes leoninos, mas foram mais os casos em que o resultado do investimento ficou manifestamente aquém das expectativas (Quiroga, Tello ou Juskowiak). Em Alvalade registaram-se ainda casos atípicos como o malogrado Cherbakov ou o sub-aproveitado Heinze (veio por empréstimo mas a sua valia foi ignorada). No Porto, os anos 90 foram marcados por muito poucos investimentos avultados em promessas sub 20 e foi já bem dentro desta década que Pinto da Costa apostou no mercado de jovens estrangeiros. Anderson foi o caso de maior sucesso (apesar de ter jogado pouco) e Diego e Carlos Alberto são de alguma forma alertas para o risco deste tipo de aquisições, já que nunca chegaram a dar ao clube uma contribuição coincidente com o seu real valor, ficando a sensação de que a imaturidade terá sido um dos factores essenciais para o insucesso. Finalmente, na Luz também nunca se verificou uma aposta tão forte como a deste ano. Schwarz e Sanchez tiveram destinos claramente diferentes e, mais recentemente, todas as apostas têm sido pouco bem sucedidas (descontando, naturalmente, David Luiz, que ainda está em fase de afirmação).

A verdade é que aparentemente é realmente complicado fazer apostas acertadas em jogadores de tão tenra idade, mesmo feita uma escolha dos melhores entre os melhores. Para sustentar esta tese basta uma olhadela pela lista de melhores jogadores dos Mundiais de sub 20. Entre os eleitos contam-se, é certo, nomes como Maradona, Prosinecki, Messi ou Saviola, cujo percurso foi (ou tem sido) pelo menos próximo do mais alto nível no futebol Mundial. No entanto, a lista é maioritariamente composta por jogadores cujas carreiras acabaram por resultar num verdadeiro “flop”. Nomes como Caio, Peixe, Olivera, ou Matar compõem a lista de promessas fracassadas.

Não é novidade se disser que a estes jovens deve ser dado tempo de afirmação e que não é aconselhável que se lhes peça tudo de uma vez. Contudo, a realidade em Portugal e nos denominados “grandes” é de pressão constante para vencer, sendo que estas aquisições vêm muitas vezes alimentar expectativas urgentes nos adeptos que esperam dos craques pouco menos do que um novo Maradona. Mais uma vez, recorro aos exemplos de Anderson e Diego para ilustrar os efeitos de duas abordagens diferentes em dois talentos de valor inegável. Enquanto que Diego veio rotulado como craque cujo impacto seria imediato na equipa, Anderson começou por alinhar nos ‘B’, e embora o seu talento tenha explodido rapidamente, o clube estava notoriamente disponível para lhe conceder o tempo que fosse necessário para singrar. Anderson encontrou o seu próprio momento e Diego foi frustrado pelas normais dificuldades de adaptação a um mundo novo.

Quer no Benfica, quer no Porto não há uma dependência directa das equipas nos jovens agora contratados, mas também não deixa de ser verdade que as respectivas plateias depositam neles bastantes esperanças para o futuro imediato. As saídas de Simão e Anderson tiveram essa consequência e cabe agora às jovens promessas responder à pressão... no campo.

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