18.6.07

Portugal - Israel: Quando o talento basta...

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- À partida já se poderia imaginar que este fosse o jogo mais acessível da fase de grupos. Israel era, claramente, a mais débil dos opositores e, nesta circunstância, tinha ainda o “handicap” mental de jogar sob o estigma da já confirmada eliminação. O jogo com Israel não apaga o que não foi feito nos últimos jogos, mas foi justo para os “miúdos” que tenha surgido uma exibição destas. São talentosos e não têm culpa da falta de estratégia de quem os comanda.

- Sobre o jogo não há muito a dizer. Couceiro fez regressar o 4-3-3, desta vez, com um “duplo pivot” mais claro no meio campo defensivo. Foi, no entanto, do outro lado que veio o grande factor de desequilíbrio na partida (não quero tirar mérito, mas foi demasiado evidente!). Montada em 4-1-4-1, os Israelitas foram fracos em todos os capítulos do jogo. Defensivamente ocuparam mal os espaços, dando condições para que o talento nacional pudesse explodir na partida. Com bola, foi sempre uma formação incompreensivelmente incapaz, quer de sair em transições rápidas, quer de fazer circulação de bola, acumulando imensas perdas e passes errados. Portugal foi dominando continuamente e, após o belo tento de Manuel Fernandes, soltou verdadeiramente o seu talento, com Israel a fazer horas para apanhar o avião...

- É dificil fazer destaques numa equipa que esteve, individualmente e neste jogo, quase toda ela muito bem. Fica, para mim, a certeza que esta é uma das selecções que mais talento apresenta, podendo vir a ser a base da selecção A a muito curto prazo. No eixo central Manuel da Costa é, talvez, a maior promessa dos últimos anos naquele sector. No meio campo, Veloso – já muitas vezes o escrevi – é já o melhor “pivot” defensivo português. Manuel Fernandes é um talento fantástico, sendo forte fisicamente e jogando com os dois pés (quer no passe, quer na meia distância), é um dos nomes que mais antevejo na posição de médio de transição dos A. Moutinho e Nani são, já, certezas e presenças habituais nos elencos de Scolari e Vaz Té mostrou que, também ele, poderá ter uma palavra a dizer, assim que comece a ser mais utilizado no Bolton. Uma nota para Hugo Almeida: há muito que, no futebol português, não se via um ponta-de-lança com tantos atributos para ter sucesso. Hugo Almeida tem, no entanto, desiludido consecutivamente. Procura sempre fazer coisas excepcionais quando lhe falta ainda eficácia em capítulos mais essenciais. As primeiras bolas ofensivas (para quando tirar partido do seu porte atlético?) e as opções na zona exterior da área (tem um bom pontapé, mas porquê tantas vezes a meia distância?) são dois pormenores a rever num jogador que tem ainda muito tempo à sua frente...

- Do lado de Israel, foi pena que não tivesse alinhado Baruchyan, o organizador de jogo nas outras partidas e Ben Sahar só não foi uma desilusão por ser tão novo. Há, no entanto, um nome que merece revisão: Itzhaki. O leve camisola 9 revelou-se fortíssimo no espaço entre linhas, com movimentos imprevisíveis acompanhados de uma técnica acima da média. Ficou por comprovar o seu tempo de chegada à zona de área, mas, repito, é um nome a rever, até porque o preço poderá ser bem acessível.

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