11.4.11

Sporting - Académica: Estatística e comentário

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Notas colectivas
- Confirmam-se algumas características do Sporting, “era Couceiro”. Uma equipa sobretudo prudente, quase tímida e com receio de se expor. Isso vê-se com bola e sem ela. Com bola, no privilegiar de equilíbrios e segurança, em detrimento de qualquer arrojo pela qualidade de posse e circulação. Sem bola, na forma como a equipa se posiciona perto da sua área, não arriscando subir linhas para conseguir maior presença pressionante em zonas mais altas.


- Concretamente no jogo, o Sporting não conseguiu grande qualidade em posse. Mesmo se o seu trio de meio campo realizou um bom jogo. A equipa jogou sobretudo a partir de segundas bolas e de recuperações na zona média, tentando algumas acelerações a partir de momentos de eventual desorganização da Académica. Mas não houve grande qualidade de movimentos colectivos, na ligação entre sectores. Na segunda parte, exigia-se mais capacidade para ter bola e controlar o jogo usando a bola para manter o adversário longe da sua área. Como isso não aconteceu, o Sporting voltou a realizar um jogo com pouco aproveitamento no passe, quer em termos quantitativos, quer em termos qualitativos.
 
- As melhores indicações da equipa – que são novidades, note-se – vêm do enfoque dado à reacção à perda e ao pressing em organização, bem como no capítulo das bolas paradas. Aliás, foi através deste tipo de situações que a equipa encontrou o seu caminho para a vitória. São detalhes importantes e que fazem muita falta, mas é ainda pouco...

- Se a vitória do Sporting foi justa e natural, é importante perceber o papel da Académica. A “Briosa” não teve, nem intensidade, nem agressividade, nem inspiração. “Tremeu” perante o pressing, não teve agressividade e presença para vencer as inúmeras segundas bolas, de onde partiram várias jogadas e, já na segunda parte, faltou-lhe também inspiração para "dar último terço" às fases de domínio que conseguiu. O Sporting teve o seu mérito, nomeadamente nos aspectos já mencionados, mas a oposição também ajudou...


- Importa também contextualizar o momento do Sporting com os desafios que lhe restam. Esta será, a meu ver, a 
versão mais fraca da época. Não tem mais valias como João Pereira, Maniche, Pedro Mendes, Valdés (o “outro”) e Liedson. À margem do Matias de hoje, seriam, provavelmente, os 5 melhores jogadores que a equipa deste ano tinha. Com eles haveria outro potencial, ninguém tenha ponta de dúvidas. Couceiro anunciou que a equipa não vai ao Dragão “para empatar”. No entanto, parece-me que o melhor é que não haja ilusões. Este Sporting vai ao Dragão para sofrer... e muito. A facilidade com que se submete a zonas baixas e a pouca importância que dá à qualidade do primeiro passe de transição não devem deixar grande margem para respirar. O Porto, depois, definirá qual o preço desse sofrimento, mas é bem possível que não fique barato. De resto, também não será provável que a equipa sobreviva em Braga, se lá chegar com hipóteses de discutir o 3º lugar. Por tudo isto, sou da opinião que o 4º lugar é, nesta altura, um bom “negócio” para este Sporting.
 

Notas individuais
Rui Patrício – Sempre digo o mesmo, o melhor e mais válido elogio para qualquer guarda redes é a ausência de criticas. Os guarda redes fazem-se da regularidade e não de grandes exibições, e não faltam exemplos actuais para que isto se perceba com clareza. O ponto sobre Patrício é que a sua evolução está a acontecer, mas ainda não acabou. Por isso, convém manter os pés no chão...


Abel – Fez um jogo abaixo do que pode e sabe, mas é um bom valor (bem melhor do que Evaldo, do outro lado, por exemplo) e uma boa solução. João Pereira é uma mais valia, Abel é uma boa alternativa. Aspectos financeiros à parte (porque os desconheço), seria claramente para renovar...


Zapater – Falta-lhe reactividade, agressividade e, em determinadas zonas, segurança em posse. Mas tem um bom sentido posicional e uma boa percepção do jogo. São qualidades que, por exemplo, dariam muito jeito a André Santos, que tem uma disponibilidade física muito superior. Foi um bom jogo de Zapater, mas continuo a achar que seria bom o Sporting encontrar um jogador com outro perfil para o seu meio campo. 


Matías – Está motivado e inspirado. Pena que a equipa não dê mais asas ao seu futebol. Esperemos por mais uma época...


Djaló – Fez um excelente jogo. Pelos golos, claro, mas também pela capacidade de trabalho que revelou. No Dragão, será a esperança de Couceiro. Ele e a sua velocidade...


Postiga – O seu melhor movimento é quando aparece nas alas e vem para dentro – sobretudo à direita. Postiga serviu Zapater nessa situação, logo a abrir o jogo, mas... pouco mais fez. Continuo a pensar que Postiga pode dar muito mais do que aquilo que realmente acontece, e este jogo é um bom exemplo disso mesmo...

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