“O futebol do Benfica é a vertigem da velocidade e nosso é a cultura da pausa, da temporização e da posse.”
Na verdade, o próprio o reconheceu: a discussão da qualidade não se faz pelo estilo, porque o estilo mais não é do que uma questão de gosto e, como diz o povo, “gostos não se discutem”. Mas estou completamente de acordo quando Villas Boas questiona o futebol do Benfica como sendo o “melhor”, numa ideia que entretanto se difundiu como verdade inquestionável. Precisamente, porque a qualidade não se define no estilo, e porque, dentro de estilos diferentes, foi o do Porto que revelou uma interpretação mais consistente e convergente para o sucesso. Portanto, se a discussão é sobre qualidade, não se discuta o estilo, mas sim, ela mesmo, a qualidade.
...vamos lá outra vez... o critério!
Não custa voltar ao tema: o que mais distingue, então, o futebol de Benfica e Porto? Critério. O Porto é criterioso, o Benfica é impulsivo. As implicações disto, porém, estão muito mais lá atrás do que lá à frente. Ou seja, o Porto não ganha pelo critério porque consegue melhores resultados ofensivos. Ganha, sim, porque o critério o protege muito mais de erros comprometedores que têm custos defensivos. Quer isto dizer que esta discussão, parecendo ser sobre “como atacar”, é, na realidade, muito mais sobre “como começar a defender”. E isso é o que é repetidamente ignorado.
O clássico como exemplo sintomático
O jogo não foi bom para nenhuma das equipas. “Menos mau” para o Porto, é certo, mas longe do que pode realmente fazer. Daria para dizer, até, que as equipas se equivaleram quase por completo. “Quase”... não fosse uma pequena “grande diferença” que tem a ver com aquilo que escrevi antes e, já agora, com a forma como este campeonato se decidiu.
A menor preocupação com o critério e com a segurança em posse coloca este Benfica à mercê das suas emoções. Quando está bem, é avassalador, mas quando começa a duvidar de si, torna-se uma verdadeira máquina suicida. Ofereceu um sem número de ocasiões de golo ao Porto e, com isso, é já um feito que se tenha mantido com vida até ao último instante. Pode-se discutir opções, estratégias ou até estilos, mas quando se erra, como o Benfica errou, não dá para esperar outra coisa que não seja a derrota. E assim foi.
Discordando de Villas Boas...
Continuando a aproveitar o rescaldo de Villas Boas, tenho de discordar com boa parte das suas apreciações ao jogo em si mesmo. Primeiro, sendo verdade que o Porto não foi eficaz perante as oportunidades que teve para “fechar” o jogo, também é um facto que o foi, e em pleno, ao concretizar as primeiras duas ocasiões que conseguiu. Depois, porque o próprio Benfica teve a sua dose de ineficácia.
Finalmente – e voltando à discussão sobre estilos e qualidade – é verdade que as abordagens do Benfica nem sempre foram as mais clarividentes, mas também nem sempre as do próprio Porto o foram. O curioso é que o Benfica conseguiu praticamente todas as suas ocasiões através de situações de ataque posicional, enquanto que o Porto se aproximou do golo partindo sobretudo de situações de transição, beneficiando da tal exposição ao erro do seu adversário. Ou seja – e a conclusão é óbvia – a qualidade não tem a ver com a preferência por um estilo, ou por uma especialização num momento táctico do jogo. Se o futebol tem 6 momentos, só se pode aspirar à excelência sendo forte em todos eles. O Porto, por mais que goste e valorize a posse e o ataque posicional, é apenas um exemplo desta evidência.
As opções: de Airton a Peixoto
Já expliquei como, para mim, falar de opções e estratégias é perfeitamente secundário face ao tipo de erros que o Benfica cometeu. Hoje, como sempre, é fácil falar de tudo o que poderia ter sido feito de forma diferente. Hoje, como sempre, é fácil apontar caminhos alternativos depois de se saber que o caminho escolhido não resultou. Seja como for... é verdade que Airton se revelou uma opção completamente falhada, e é verdade também que, com Peixoto ao lado de Javi, o meio campo não pareceu tão vulnerável. O Benfica não ganhou muito ofensivamente, mas perdeu menos defensivamente. Porque é que Jesus não optou por essa solução de inicio, sendo que havia ganho o jogo no Dragão com essa “fórmula”? Não tenho uma resposta 100% convicta, mas arriscaria que o treinador do Benfica estará a pensar em fazê-lo no jogo da Taça, não querendo, por ventura, denunciar essa intenção neste jogo. De todo o modo, quem acredita em “fórmulas” no futebol... engana-se.
Não custa voltar ao tema: o que mais distingue, então, o futebol de Benfica e Porto? Critério. O Porto é criterioso, o Benfica é impulsivo. As implicações disto, porém, estão muito mais lá atrás do que lá à frente. Ou seja, o Porto não ganha pelo critério porque consegue melhores resultados ofensivos. Ganha, sim, porque o critério o protege muito mais de erros comprometedores que têm custos defensivos. Quer isto dizer que esta discussão, parecendo ser sobre “como atacar”, é, na realidade, muito mais sobre “como começar a defender”. E isso é o que é repetidamente ignorado.
O clássico como exemplo sintomático
O jogo não foi bom para nenhuma das equipas. “Menos mau” para o Porto, é certo, mas longe do que pode realmente fazer. Daria para dizer, até, que as equipas se equivaleram quase por completo. “Quase”... não fosse uma pequena “grande diferença” que tem a ver com aquilo que escrevi antes e, já agora, com a forma como este campeonato se decidiu.
A menor preocupação com o critério e com a segurança em posse coloca este Benfica à mercê das suas emoções. Quando está bem, é avassalador, mas quando começa a duvidar de si, torna-se uma verdadeira máquina suicida. Ofereceu um sem número de ocasiões de golo ao Porto e, com isso, é já um feito que se tenha mantido com vida até ao último instante. Pode-se discutir opções, estratégias ou até estilos, mas quando se erra, como o Benfica errou, não dá para esperar outra coisa que não seja a derrota. E assim foi.
Discordando de Villas Boas...
Continuando a aproveitar o rescaldo de Villas Boas, tenho de discordar com boa parte das suas apreciações ao jogo em si mesmo. Primeiro, sendo verdade que o Porto não foi eficaz perante as oportunidades que teve para “fechar” o jogo, também é um facto que o foi, e em pleno, ao concretizar as primeiras duas ocasiões que conseguiu. Depois, porque o próprio Benfica teve a sua dose de ineficácia.
Finalmente – e voltando à discussão sobre estilos e qualidade – é verdade que as abordagens do Benfica nem sempre foram as mais clarividentes, mas também nem sempre as do próprio Porto o foram. O curioso é que o Benfica conseguiu praticamente todas as suas ocasiões através de situações de ataque posicional, enquanto que o Porto se aproximou do golo partindo sobretudo de situações de transição, beneficiando da tal exposição ao erro do seu adversário. Ou seja – e a conclusão é óbvia – a qualidade não tem a ver com a preferência por um estilo, ou por uma especialização num momento táctico do jogo. Se o futebol tem 6 momentos, só se pode aspirar à excelência sendo forte em todos eles. O Porto, por mais que goste e valorize a posse e o ataque posicional, é apenas um exemplo desta evidência.
As opções: de Airton a Peixoto
Já expliquei como, para mim, falar de opções e estratégias é perfeitamente secundário face ao tipo de erros que o Benfica cometeu. Hoje, como sempre, é fácil falar de tudo o que poderia ter sido feito de forma diferente. Hoje, como sempre, é fácil apontar caminhos alternativos depois de se saber que o caminho escolhido não resultou. Seja como for... é verdade que Airton se revelou uma opção completamente falhada, e é verdade também que, com Peixoto ao lado de Javi, o meio campo não pareceu tão vulnerável. O Benfica não ganhou muito ofensivamente, mas perdeu menos defensivamente. Porque é que Jesus não optou por essa solução de inicio, sendo que havia ganho o jogo no Dragão com essa “fórmula”? Não tenho uma resposta 100% convicta, mas arriscaria que o treinador do Benfica estará a pensar em fazê-lo no jogo da Taça, não querendo, por ventura, denunciar essa intenção neste jogo. De todo o modo, quem acredita em “fórmulas” no futebol... engana-se.