- Sobre o jogo, terei oportunidade para deixar considerações mais detalhadas. Por agora, quero apenas deixar 2 notas. A primeira, claro, é para assinalar a vitória portista no campeonato. Foi a melhor equipa (é preciso rever conceitos quando se fala de "bom futebol"), e, mais, foi uma equipa excepcionalmente boa. Aliás, apesar do Porto ter o hábito recente de vencer em Portugal, este arrisca-se a ser um dos mais categóricos triunfos da sua história. Pela goleada na primeira volta, pela cada vez mais provável invencibilidade e, agora, pela capitalização da oportunidade que o calendário lhe ofereceu: ser campeão no terreno do principal rival. É um pormenor, de facto, mas na memória dos adeptos são precisamente estes pormenores que prevalecem no tempo e, aqui, o Porto volta a a dar um brinde aos seus adeptos. Um brinde que o próprio Benfica esbanjou na época anterior.
- A outra nota não é menos relevante do que qualquer consideração sobre o jogo ou o campeonato. Constata-se uma crescente hostilidade entre os adeptos de ambos os clubes. Uma hostilidade que resulta já em níveis de violência assinaláveis e que apenas prejudica adeptos e comunidade civil. O ponto principal é que se trata de uma hostilidade com bases completamente artificiais. Porque há comunidades, amizades e famílias que se dividem nas suas preferências e isso nunca foi motivo para divisões menos saudáveis durante 100 anos. Porque é que a violência cresce quando deveria diminuir, pela própria maturidade da sociedade? Porque é que num mundo cada vez mais global, certas distâncias parecem ser cada vez maiores? A resposta não é difícil de obter. Óbvia, até. O mais importante, porém, é que se comecem a tomar medidas antes que invertam este caminho. Medidas que não são difíceis, mas que requerem um pouco de coragem. Como cidadão, é só isso que peço.