- Duas notas sobre o Real Madrid-Tottenham, ambas relacionadas com a expulsão de Crouch...
Primeiro, sobre as consequências. Sem Crouch poder-se-ia admitir que a estratégia do Tottenham ficou condicionada apenas em termos ofensivos. Se a estratégia fosse estacionar o autocarro à frente da sua área, realmente, seria assim. Mas não era o caso (dificilmente uma equipa chegaria tão longe com esse tipo de mentalidade). O Tottenham perdeu Crouch porque se propôs pressionar alto, manter o Real desconfortável em toda a extensão do campo e, se possível, cativar o erro. Sem Crouch, a vida do Tottenham ficou mais difícil essencialmente porque a equipa deixou de poder pressionar em todo o campo. Ou melhor, poder, podia, mas não foi capaz, nem de o fazer, nem de o tentar. O que se viu foi o remeter do bloco para os últimos 30-40 metros, reduzindo os espaços de penetração, sim, mas facilitando também a reacção à perda por parte do Real. Ou seja, e tal como se viu, o jogo ficou destinado ao "massacre" e os golos eram apenas uma questão de tempo, dada a qualidade colectiva e individual dos jogadores do Real. E assim foi.
Depois, sobre a expulsão de Crouch, em si mesmo. Tudo bem que era preciso ser agressivo no pressing, mas, mesmo assim, que necessidade tem um jogador de arriscar um desarme no chão à beira da área contrária, sabendo que já tinha um amarelo? Nenhuma. Tão óbvio, que a decisão só se explica pela menor lucidez do próprio Crouch, um jogador experiente, na abordagem ao jogo. Um dos segredos do sucesso das principais equipas, e um dos grandes objectivos de qualquer liderança é conseguir manter carga certa de emotividade nos jogadores. Ou seja, tê-los motivados e "espicaçados", mas evitando cair num exagero que traga ansiedade e retire lucidez. Em futebol, a liderança mede-se sobretudo neste tipo de situações...