- O jogo foi fraco. Nenhuma das equipas esteve à altura do que se lhe deve ser exigido, revelando estados de ânimo e confiança muito débeis nesta fase final da temporada. Dá ideia de que, para ambos, o campeonato estaria melhor se já tivesse terminado.
- O resultado, parece-me, foi justo, apesar de também entender que o Sporting esteve ligeiramente melhor. A constatação mais desapontante vai para o facto de os melhores períodos de ambas as equipas resultarem muito mais do aproveitamento do demérito alheio do que da imposição do seu próprio mérito.
- No Sporting, a “era Couceiro” revelou-se como uma espécie de plano de austeridade futebolístico. O discurso foi sempre de auto vitimização e de permanente desculpabilização antecipada, e o futebol, no campo, acompanha a mensagem. A equipa joga pouco para errar menos. Arrisca pouco, tanto com bola, como em termos posicionais, e espera para ver o que o jogo lhe oferece. Há dados claros que o confirmam este menor arrojo e contenção colectiva: os 188 passes completados representam um mínimo da equipa em jogos da Liga, assim como a própria percentagem de sequência em posse. Ainda assim, talvez a evidência que mais reflicta a “austeridade” de Couceiro, seja a forma quase confrangedora como a equipa “afundou” no campo na segunda parte, abdicando de tentar um 1º passe de transição útil, em favor de sucessivos alívios sem destino.
- O Vitória não foi melhor. Na primeira parte, “entregou-se” ao Sporting com uma posse pouco esclarecida, ora demasiado directa, ora mal ligada. A ideia é sempre a ligação de corredores, onde o apoio dos laterais está sempre preparado para criar boas situações de cruzamento (e quantos cruzamentos se viram na 2ªparte!). Na segunda parte percebeu que o Sporting facilmente seria encurralado com uma atitude mais forte. Mas, e de novo, as soluções foram sempre repetitivas no último terço. De notar, também, a vulnerabilidade da equipa sempre que o Sporting ultrapassava a linha média com a bola nos pés. Desorganização, desequilíbrio táctico e algumas opções de desarme menos próprias e que comprometeram a equipa.
- Duas notas individuais. A primeira para Matias, que se encontra numa das melhores fases desde que chegou ao Sporting. Não conseguiu ser determinante e na 2ª parte bem podia ter estado lá outro qualquer, dado o tipo de jogo a que a equipa se submeteu, mas a sua influência ficou clara na 1ªparte. Pena que Couceiro não encontre também uma maneira de potenciar o melhor que já se viu de Valdes. A segunda nota vai para Polga. É, com alguma distância, o melhor central da equipa. Não é perfeito, todos lhe conhecemos erros e é também evidente que não se sente confortável jogando mais alto. Mas tem uma capacidade posicional como não há no futebol português. Numa altura em que tanto se fala da “revolução”, é paradigmático que à cabeça da lista de dispensas surjam Polga e Maniche, provavelmente (e com João Pereira) os 2 jogadores que mais consistência ofereceram à equipa.