2- Importa, porém, notar algumas diferenças (ligeiras) na abordagem de Mourinho, ainda que elas estejam sobretudo relacionadas com aspectos individuais. A principal alteração tem a ver com Ronaldo. No jogo de Madrid, Ronaldo foi ala, teve de baixar no corredor e frequentemente partiu para a transição de posições demasiado baixas. Mourinho terá pretendido potenciar Ronaldo, colocou-o na frente, parecendo-me, inclusive, com menores restrições defensivas do que Benzema no jogo anterior. Depois, sem Ronaldo na ala, houve os únicos ajustamentos posicionais que diferenciaram desde o último jogo. Ou seja, Mourinho baixou mais os alas, para adiantar Pepe e Khedira para uma pressão ligeiramente mais alta no corredor central. A ideia parecia ser forçar a saída pelos corredores, embora isso raramente tenha acontecido.
3- A primeira parte foi, como ficou fácil de ver, controlada pelo Real Madrid. Conseguiu manter o Barcelona sempre longe da sua área (praticamente não lá entrou) e potenciou, depois, erros pontuais que deram origem às transições pretendidas. Os motivos desta situação têm a ver com a convergência repetida da posse do Barça para zonas superpovoadas de jogadores do Real Madrid. Particularmente na meia-esquerda do ataque catalão onde, como já expliquei no post anterior, Arbeloa estava quase sempre livre para fazer a diferença em zonas interiores. O Barça nunca conseguiu ter posse útil no espaço à frente da linha defensiva e, assim, nunca ameaçou o golo.
4- Sobre as alterações radicais na tendência de jogo, já destaquei o efeito Pedro, pelo que não vou abordar esse relevante factor. Depois, e tal como referiu Guardiola, o Barça foi mais lesto nas segundas bolas, mais rápido a reagir e a sua viragem no jogo passou também pela capacidade que teve acrescentar os momentos de transição à sua ameaça, algo que havia sido restrito ao Real Madrid, na primeira parte.
5- Sobra um aspecto que é importante abordar e que ajudará, igualmente, a explicar as oscilações no jogo, nomeadamente o prolongamento, onde, e contra todas as expectativas, foi o Real quem se voltou a superiorizar de forma clara, em termos de proximidade com o golo. Falo do aspecto emocional e dos momentos das equipas. Durante o jogo foi se falando do cansaço e da possibilidade do Barça usufruir do facto de jogar com bola para se desgastar menos e estar melhor com o desenrolar do jogo. A verdade é que muito daquilo que nos parece meramente físico é também psicológico. Se o Real esteve pior na segunda parte e o Barça melhor, foi também porque os níveis de confiança mudaram com as primeiras jogadas após o intervalo. O Barcelona sentiu que poderia conquistar o espaço e o Real sentiu-se ameaçado. Os jogadores do Barça foram crescendo em termos de desempenho e os do Real perdendo lucidez no posicionamento defensivo e na clarividência do primeiro passe de transição - diria, o momento fulcral para a definição de um jogo com estas características. Do mesmo modo, o estado de crença e confiança dos jogadores terá começado a mudar nos instantes finais da segunda parte, quando o Real voltou a aproximar-se do golo, e terá definitivamente mudado no inicio do prolongamento quando, antes do golo, foi o Real que conseguiu primeiro criar perigo, aproveitando uma perda de Xavi.
6- No Barcelona, Guardiola não parece muito interessado em discutir estratégias ou abordagens. O Barça é muito mais forte dentro do seu estilo e acredita que para aumentar as suas possibilidades de vitória, é suficiente que se preocupe consigo próprio. É uma constatação objectiva que o Barça é melhor e que o Real é que tem de se adaptar. Mas é-o também que a vida não tem ficado mais fácil para o Barça. Pelo contrário, tem perdido jogadores (agora Adriano, que pode vir a fazer falta), e visto aumentar o estado de confiança do rival. Mesmo sendo melhor, convém que o Barça vá procurando também as suas formas de crescer em qualidade. Por exemplo, seria uma equipa ainda mais forte se apresentasse outra valia nos lances de bola parada. Dado o volume de jogo que apresenta, seria um complemento importante para a sua proposta de jogo.
7- No Real, a evolução desta série de jogos é mais interessante de seguir. Mourinho tem de fugir do seu estilo e encontrar um "contra-estilo" para vencer o Barça. Para já, está a correr-lhe de feição. Já tinha abordado o lado positivo do empate anterior e, em termos mentais, esta vitória pode ainda catapultar mais a equipa. Mas, Mourinho ganha também em soluções individuais. Ronaldo representou uma mais valia em transição, Arbeloa-Ramos um duo muito mais forte do que Ramos-Albiol anteriormente. A dúvida pode passar por Ozil, que é um jogador fantástico em termos criativos, mas que tem muito que crescer em termos de agressividade defensiva (a meu ver, um dos motivos principais pelo descalabro dos 5-0, sendo utilizado numa posição central e sem qualquer capacidade de pressão). Finalmente Pepe, utilizado desta vez mais à frente, talvez para ter um médio de maior capacidade de desdobramento em transição, e relegar em Xabi Alonso a qualidade do primeiro passe. É certo que na primeira parte o controlo da zona entre linhas foi completo, mas na segunda parte isso não aconteceu, sendo, talvez, de reflectir os prós e contras de ter um jogador com uma reactividade e agressividade no espaço que, nem Xabi Alonso, nem (sobretudo!) Khedira podem dar.
8- Venha o próximo!
5- Sobra um aspecto que é importante abordar e que ajudará, igualmente, a explicar as oscilações no jogo, nomeadamente o prolongamento, onde, e contra todas as expectativas, foi o Real quem se voltou a superiorizar de forma clara, em termos de proximidade com o golo. Falo do aspecto emocional e dos momentos das equipas. Durante o jogo foi se falando do cansaço e da possibilidade do Barça usufruir do facto de jogar com bola para se desgastar menos e estar melhor com o desenrolar do jogo. A verdade é que muito daquilo que nos parece meramente físico é também psicológico. Se o Real esteve pior na segunda parte e o Barça melhor, foi também porque os níveis de confiança mudaram com as primeiras jogadas após o intervalo. O Barcelona sentiu que poderia conquistar o espaço e o Real sentiu-se ameaçado. Os jogadores do Barça foram crescendo em termos de desempenho e os do Real perdendo lucidez no posicionamento defensivo e na clarividência do primeiro passe de transição - diria, o momento fulcral para a definição de um jogo com estas características. Do mesmo modo, o estado de crença e confiança dos jogadores terá começado a mudar nos instantes finais da segunda parte, quando o Real voltou a aproximar-se do golo, e terá definitivamente mudado no inicio do prolongamento quando, antes do golo, foi o Real que conseguiu primeiro criar perigo, aproveitando uma perda de Xavi.
6- No Barcelona, Guardiola não parece muito interessado em discutir estratégias ou abordagens. O Barça é muito mais forte dentro do seu estilo e acredita que para aumentar as suas possibilidades de vitória, é suficiente que se preocupe consigo próprio. É uma constatação objectiva que o Barça é melhor e que o Real é que tem de se adaptar. Mas é-o também que a vida não tem ficado mais fácil para o Barça. Pelo contrário, tem perdido jogadores (agora Adriano, que pode vir a fazer falta), e visto aumentar o estado de confiança do rival. Mesmo sendo melhor, convém que o Barça vá procurando também as suas formas de crescer em qualidade. Por exemplo, seria uma equipa ainda mais forte se apresentasse outra valia nos lances de bola parada. Dado o volume de jogo que apresenta, seria um complemento importante para a sua proposta de jogo.
7- No Real, a evolução desta série de jogos é mais interessante de seguir. Mourinho tem de fugir do seu estilo e encontrar um "contra-estilo" para vencer o Barça. Para já, está a correr-lhe de feição. Já tinha abordado o lado positivo do empate anterior e, em termos mentais, esta vitória pode ainda catapultar mais a equipa. Mas, Mourinho ganha também em soluções individuais. Ronaldo representou uma mais valia em transição, Arbeloa-Ramos um duo muito mais forte do que Ramos-Albiol anteriormente. A dúvida pode passar por Ozil, que é um jogador fantástico em termos criativos, mas que tem muito que crescer em termos de agressividade defensiva (a meu ver, um dos motivos principais pelo descalabro dos 5-0, sendo utilizado numa posição central e sem qualquer capacidade de pressão). Finalmente Pepe, utilizado desta vez mais à frente, talvez para ter um médio de maior capacidade de desdobramento em transição, e relegar em Xabi Alonso a qualidade do primeiro passe. É certo que na primeira parte o controlo da zona entre linhas foi completo, mas na segunda parte isso não aconteceu, sendo, talvez, de reflectir os prós e contras de ter um jogador com uma reactividade e agressividade no espaço que, nem Xabi Alonso, nem (sobretudo!) Khedira podem dar.
8- Venha o próximo!