25.4.11

Final da Taça da Liga: Estatística e análise

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- Os primeiros minutos indiciavam um jogo muito mais desnivelado do que aquilo que acabou por acontecer. A tentativa de pressing alto - recorrente na sua proposta de jogo - do Paços foi completamente ultrapassada pela circulação do Benfica, que em ataque posicional conseguia facilmente encontrar espaços para chegar até às proximidades da área de Cássio. O outro problema do Paços - e talvez o maior - teve a ver com o momento de transição. Ou seja, o Benfica conseguia fazer da sua reacção à perda uma parede que impedia o Paços de se desdobrar ofensivamente. É verdade que o conseguiu episodicamente, mas essas foram as excepções daquela que foi a regra dos momentos iniciais.

- O jogo conheceu uma viragem progressiva no seu equilíbrio de forças. Se na primeira parte, o Paços se foi soltando progressivamente da "teia" em que se viu apanhado no inicio, na segunda passou a ser a equipa com maior capacidade dominadora. Um "fenómeno" que, do ponto de vista do Benfica, não tem motivo justificável. Ou seja, pode-se admitir que a equipa tivesse ciclos de maior ou menor capacidade dominadora no jogo, mas também se exigia mais qualidade continuada ao longo do tempo. De repente, a sua posse passou a ser altamente condicionada pelo pressing do Paços (nunca mais usando o lado direito, tão activo na primeira meia hora), o seu momento de transição ataque-defesa deixou de ser autoritário, permitindo alguns desdobramentos ofensivos ameaçadores, e, talvez o ponto mais criticável, o desempenho em ataque rápido foi sempre muito fraco, mesmo em alturas em que havia todas as condições para tirar partido dos espaços. No jogo, voltou a percepcionar-se uma vulnerabilidade emocional às adversidades, especialmente na forma como a equipa vacilou após o golo do Paços.


- Para a inversão desta tendência de supremacia pacense, foram muito importantes as mexidas do banco, em particular a entrada de Airton. A partir dessa alteração, o Paços como que "congelou" a sua reacção. Encontro dois motivos para esta situação. Primeiro, e mais importante, o retomar do controlo total sobre o momento de transição ataque-defesa, com a presença de Airton a complementar a acção de Javi na reacção à perda. Depois, o tipo de circulação, que voltou a ser mais lateralizada numa primeira fase (tal como nos minutos iniciais), envolvendo o "pressing" do Paços antes de tentar entrar no seu bloco. Do outro lado, Rui Vitória também não foi feliz. Tentou colocar Nelson Oliveira como elemento de ligação meio campo-ataque, e libertar Rondon para acções mais exclusivamente de finalização, mas retirou unidades que estavam a ter um bom desempenho e acabou por (mais uma vez) revelar uma equipa menos forte quando sai do seu figurino base. Assim, e depois de uma boa reacção, o Paços limitou-se a esbarrar no "duplo-pivot" que Jesus introduzira, e as suas hipóteses de discutir o troféu goraram-se.

- Como balanço, o Benfica conseguiu o mais importante no momento, mas voltou a deixar indicadores perigosos para uma eliminatória decisiva e em que será importante ter, não só qualidade, mas também estabilidade emocional. A equipa conseguiu o mais difícil no jogo, ganhando uma vantagem segura e encontrando formas de se superiorizar a um adversário que lhe era francamente inferior, mas, mesmo assim, voltou a perder o controlo da situação. Não houve um grande número de erros em posse (problema recorrente), mas houve outro tipo de lapsos que condicionaram a equipa. Como nota positiva, e de novo, as bolas paradas. Continua a ser impressionante o aproveitamento desta equipa neste tipo de situações, sendo que, desta vez, quatro dos seis desequilíbrios surgiram por essa via.

- Individualmente, algumas notas. Luisão terá feito o seu pior jogo defensivo da época, compensando em termos ofensivos. Martins revelou-se uma boa alternativa para a ala, sendo um dos principais dinamizadores do melhor período da equipa (Estará apto?). Jara repetiu o grande problema já detectado frente ao Porto. Ou seja, a sua participação nos momentos de transição é constantemente ineficiente, tendo um aproveitamento baixíssimo nesse momento do jogo, e retirando potencial à equipa no aproveitamento dessas situações. Saviola e Cardozo, por outro lado, revelam-se em fases preocupantes. O paraguaio parece desmotivado, não revelando uma intensidade aceitável, como facilmente se constatou. O argentino, embora tenha procurado movimentar-se, teve um desempenho técnico medíocre e muito aquém do que dele se pode esperar. Durante muito tempo, as criticas a Saviola pela sua "seca" de golos eram injustas, pelo que criava e desequilibrava. Neste momento, porém, há poucos argumentos que valham ao 30.

- Sobre o Paços, guardo mais notas para uma análise que farei amanhã...
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