Inteligência...
Afinal em que é que Micael pode ser uma melhor opção do que Belluschi ou Valeri? Tecnicamente, com a bola nos pés, não representa forçosamente uma mais valia em relação a algum dos 2. Há quem fale, também, da sua capacidade defensiva, mas esse é precisamente um dos pontos em que entendo ter mais a provar. A mais valia e o porquê do maior ajuste da aposta em relação a outras mais recentes, tem a ver com aquele que é o seu maior atributo, aquele que lhe permitiu uma afirmação ao longo do corredor central, de área a área. A inteligência e percepção dos espaços. Ruben é muito mais forte do que qualquer dos actuais médios do plantel portista (Meireles à parte) na criação de linhas de passe e nos movimentos verticais, denotando uma aptidão rara para antecipar o destino das jogadas e se mover ao longo dos sucessivos espaços que se vão criando ao longo das mesmas. O que mais pode entusiasmar a plateia portista é que esta era, também, a principal qualidade de Lucho Gonzalez.Carácter...
Fugindo um pouco da vertente técnico-táctica, não posso deixar de referir outro aspecto fundamental: o carácter. Pode parecer estranho, mas a verdade é que Micael apenas chegou ao primeiro escalão do futebol nacional há ano e meio. Quem o vê hoje em campo, no entanto, percebe a importância que tem como líder. Não é apenas um miúdo com talento, é um jogador que não receia o jogo, que o assume com grande, e mesmo espantosa, naturalidade. Numa viragem radical de contexto, este pode ser um ponto essencial.O caminho até ao topo...
O meu entusiasmo pela evolução de Micael justifica-se por ver nele competências que, quando combinadas, raramente deixam de garantir um grande rendimento. São, aliás, os mesmo alicerces de médios como Fabregas ou Lampard, ainda que, obviamente, o madeirense esteja ainda longe desses patamares. Facilmente arriscaria na sua afirmação, sendo uma surpresa para mim se tal não vier a acontecer. O seu limite, porém, é-me mais difícil de definir, estando dependente da evolução e resposta a alguns níveis. Primeiro, em termos físicos. Convém que possa crescer neste aspecto que foi, diga-se, a principal fragilidade na Choupana e que é, também, a grande ameaça nesta sua caminhada. Depois, outro aspecto que importa quantificar melhor é a sua capacidade defensiva. Seguramente que terá maior intensidade de trabalho do que Belluschi ou Valeri, mas a inteligência que manifesta ofensivamente não foi ainda provada em termos defensivos. Algo que decorre das diferenças entre os modelos de Nacional e Porto e que definirá, também, o seu verdadeiro impacto na equipa. Basta recordar a falta que vem fazendo Lucho neste plano. Finalmente, para atingir outro patamar terá de continuar a evoluir também em termos técnicos.
O negócio...
Para finalizar o balanço desta mudança que considero justificar o entusiasmo, falta falar do negócio em si. Primeiro, notar que o “timing” desportivo – depois de uma visita a Alvalade e de uma recepção ao próprio Porto – não deverá ter nada de inocente e que esse deve ter sido o verdadeiro motivo do arrastar da “novela”. Depois, referir que o Porto terá investido com 6 meses de atraso e que isso poderá ter significado uma inflacção considerável no preço da operação. Estimo que o dobro. Ainda assim, o valor parece-me justo e apenas me admira não haver, pelo menos aparentemente, maior concorrência externa (diz muito, também do que “vale” a nossa liga). Para o Porto, note-se, este é um negócio com muito melhor relação preço/risco do que a generalidade dos que tem feito no Continente Sul Americano (e note-se que considero ser esta o melhor destino para procurar reforços).