4.1.10

Sporting - Braga: De onde vens, para onde vais?

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Não podia ser mais antagónico o momento de ambas as equipas na viragem para o novo ano. De um lado, o do Sporting, a importância de se desprender do passado recente para poder adquirir as novas ideias com a qualidade pretendida. Do outro, precisamente o contrário. O Braga procura agarrar-se com todas as forças ao que conseguiu fazer em 2009, e sabe que essa é a única forma de atingir as renovadas metas para esta temporada. Pelos 3 pontos não há lugar a relativismos. O Sporting conseguiu-os e, ao contrário do Braga, tem a sua situação facilitada na prova. Num outro contexto, mais analítico, nem uma nem outra equipa se podem contentar com o que foi apresentado. Isto, se querem um 2010 ao nível das expectativas entretanto criadas.

Sporting
Carvalhal parece ter-se decidido e voltou a apostar num sistema de 2 avançados, mesmo com tantas ausências nessa posição. O Sporting não esteve mal no jogo, mas revela ainda incapacidades relevantes e que o afastam de uma consistência e qualidade capazes de oferecer um domínio mais claro e continuado do jogo. Em termos de comportamento colectivo, o espaço entre sectores é ainda muito grande e isso impede que a equipa tenha mais presença nas sucessivas zonas onde o jogo se vai definindo. Aqui, parece-me, o caminho deverá passar por uma subida da última linha defensiva, que tem ainda muitas dificuldades em fazer um uso mais eficaz do fora de jogo. Algo que, como já expliquei, é normal pelas características do modelo anterior.

Mas, se os detalhes do comportamento colectivo são ainda essenciais para que se atinja outro nível, há também muito que dizer sobre os aspectos individuais. Primeiro, percebem-se ainda, e de forma muito clara, os efeitos pós traumáticos de um inicio de época desastroso. Não é normal que uma equipa viva períodos tão díspares ao longo de um jogo e só essa instabilidade emocional pode explicar este fenómeno.

Não desligado deste último aspecto está o encolhimento excessivo no arranque e final da segunda parte, bem como uma tendência excessivamente errática de alguns jogadores em determinados períodos do jogo, condicionando muito a capacidade de se dar um bom seguimento qualitativo ao jogo da equipa. Finalmente, há ainda que perceber que as diferenças individuais entre o Braga e o Sporting, neste jogo, não foram muito grandes. O mesmo é dizer que para valer mais o Sporting tem de apresentar também outras soluções, nomeadamente no ataque e nas laterais. Já agora, e a este nível, fica a questão: será que Matias Fernandez terá de arrancar do banco neste novo ciclo?

Braga
Domingos referiu no final que o Braga não tinha sido inferior e tem razão. Não que tivesse sido superior, mas acabou por dividir as fases de ascendente de um jogo nada monocórdico nesse plano. É difícil dizer, por exemplo, que o Braga tenha estado globalmente pior do que na vitória que conseguiu no mesmo palco em Agosto. Falhou, no entanto, num detalhe importante para a definição dos jogos e que será vital se o Braga quiser, realmente, levar os seus sonhos até ao fim: a eficácia.

Sobre o golo de Veloso não há, obviamente, nada a fazer. O mesmo, porém, não se pode dizer do lance que desbloqueou o marcador e que, em grande parte, foi responsável pelo crescimento de confiança do Sporting. O erro de Leone não é acidental, mas, antes sim, um lance que não pode nunca acontecer numa equipa que quer aspirar aos mais altos patamares. O Braga tem na sua linha defensiva, e na qualidade do seu comportamento colectivo, uma das suas mais importantes forças. Manter a posição, privilegiar as referências colectivas de posicionamento tem de ser algo “sagrado” para qualquer elemento. Um mau passe ou um mau alivio são erros individuais. O que fez Leone, não é um erro individual mas sim um erro colectivo por má interpretação individual. E isso não pode nunca acontecer.
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