25.1.10

Rio Ave - Benfica: Superior, mas não tanto

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Decidir o apuramento nos ‘Arcos’, obrigado a ganhar, não é o ideal. A verdade é que o Benfica fez por merecer o sucesso, mesmo sem o brilhantismo de outros tempos, e mesmo tendo andado bastante perto de outro desfecho. Importante, contas feitas, é o apuramento para um final de competição interessantíssimo (pelo menos, mais uma vez, tem tudo para o ser), mas também o indício deixado por uma exibição que, sendo boa, esteve novamente longe de índices qualitativos já apresentados.

Se houve período menos conseguido no jogo pelo Benfica, ele aconteceu nos primeiros 25 minutos. Para o explicar, há que dividir responsabilidades.

Primeiro, falando de um Rio Ave que, conhecedor das especificidades encarnadas, se apresentou bastante bem no arranque do jogo, sabendo perfeitamente o que queria fazer. Não dar oportunidade para o pressing encarnado funcionar e orientar o jogo para o lado onde estava Bruno Gama – preferencialmente, diga-se, o esquerdo, direito do Benfica, onde a presença de Carlos Martins pareceu ser sempre um ponto a explorar de forma intencional. O Rio Ave tem, depois, outros atributos que lhe têm valido a boa época, nomeadamente a forma como encurta espaços no meio, pelo adiantamento da sua linha defensiva. O outro, claro, não estava presente e dá pelo nome de João Tomás.

Mas, se o Rio Ave definiu bem o que queria fazer, é de si próprio que o Benfica mais se tem de queixar na tal entrada menos boa. Aliás, os males que justificaram esse período menos bom – reforço “menos bom” porque não foi menos do que isso – foram também a base do que impediu sempre o Benfica de se aproximar dos níveis de outros jogos. A origem está, essencialmente, numa quebra de performance em diversas individualidades, que impediu uma maior qualidade de circulação e um domínio mais acentuado, assente no característico pressing asfixiante encarnado. Di Maria começou por dar o mote com uma entrada desastrada e vários erros. O argentino, porém, cresceu no jogo e com ele também a equipa. Do outro lado, Martins também acumulou erros de passe em excesso, parecendo longe do jogo e dos companheiros. No meio, Aimar não teve um bom jogo, é verdade, mas é de Javi Garcia que Jesus mais razões de queixa terá, com uma exibição pouco consistente e com mais erros do que a sua responsabilidade posicional prevê.

Com o tempo, e com o crescimento de algumas individualidades, o Benfica foi ganhando uma superioridade mais pronunciada e desenhou alguns lances que, ainda na primeira parte, poderiam ter perfeitamente justificado a vantagem. Aconteceu mais tarde, e se com o 0-1 o mais difícil parecia estar ultrapassado, a tal maior propensão errática de algumas individualidades – mais uma vez, destaco Garcia – aproximou o Benfica de um risco que acabou por se agigantar com o empate.

O minuto 75, numa fase em que o Rio Ave já desistira de discutir territorialmente o jogo, foi o exemplo máximo de como o limite entre o sucesso e insucesso se tornou, de repente, tão estreito. É que se o Benfica acabou com o jogo, num excelente aproveitamento da profundidade por parte de um Di Maria em fase ascendente, instantes antes havia sido Chidi a ter a oportunidade na cara de Moreira. E, embora não fosse justo, a verdade é que o nigeriano poderia perfeitamente ter “chutado” com o Benfica para fora da competição.
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