19.1.10

Avançados na jornada: Falcao, Liedson, Roberto e Cardozo

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Falcao – Na primeira jornada, referi que o golo de cabeça que marcara seria o primeiro de muitos. Talvez fosse uma afirmação estranha para um ponta de lança de pouca estatura, mas, conhecendo-o, não poderia duvidar do impacto que teria nesse particular. A verdade é que, apesar de nem sempre revelar uma eficácia ideal, Falcao vem-se afirmando como um verdadeiro terror de área. Um jogador combativo e ágil, mas que se destaca sobretudo pela capacidade e qualidade com que se movimenta na zona de finalização e, em especial, como se antecipa aos defensores.
Frente ao Paços foi impressionante o número de lances que ganhou na área e, num deles, marcou mesmo. Destaque, mais uma vez, para a leitura que faz dos espaços, antecipando a possibilidade de atacar o primeiro poste, aproveitando a má colocação do defensor. Por tudo isto, Falcao é e continuará a ser um goleador furtivo.

Liedson – Ele está de volta e, como escrevi ontem, penso poder estar no inicio de uma óptima fase a nível pessoal. O segundo golo que marcou é sintomático, não só do porquê deste meu palpite, como também do porquê do próprio jogador se sentir melhor em sistemas de 2 avançados. É que se Liedson é reconhecidamente um jogador forte na área, é-o especialmente quando pode, primeiro, sair fora dela e só depois atacar a zona de finalização. O motivo é simples. O “levezinho” não é um jogador que facilmente consiga ganhar vantagem se estiver parado entre os “gigantes”. Por outro lado, se retirar a referência de marcação e puder obrigar os defesas a reagir em movimento, aí, raramente levará a pior. Sobre o golo, talvez não seja a finalização mais admirável do ponto de vista estético, mas reagir a um lance em movimento e finalizar (não desviar!) de primeira, estando a meio da trajectória entre o cruzamento e a baliza... não é para todos!

Roberto – A sua carreira não lhe permitirá outros voos, mas Roberto estará seguramente entre os avançados mais completos em termos aéreos dentro do futebol nacional e só se estranha que tenha chagado a este nível tão tardiamente. Utilizo o termo “completo” porque combina 2 virtudes que poucos conseguem combinar. Ou seja, a elevada estatura (1,88m) e uma movimentação sagaz dentro da área. O lance que trago não tem o melhor desfecho e talvez reflicta o aspecto onde o jogador é menos forte em termos aéreos – o gesto técnico – mas o quero destacar é o movimento do jogador. O seu posicionamento nas costas dos defesas é fundamental, permitindo-lhe ter uma perspectiva completa do lance. Ou seja, pode ver não só o momento em que a bola vai partir como também controlar o limite do fora de jogo. Ou seja, em vez de engolir o “veneno” da defesa (o fora de jogo), é ele quem o dá a provar.
Nota, no lance, para o facto decisivo do cruzamento surgir sem pressão. Uma defesa em linha só pode funcionar quando o portador da bola é permanentemente pressionado e, caso isso não aconteça, a única solução é a defesa antecipar, ela própria, o passe e avançar. Caso contrário, abre-se a oportunidade para que seja o avançado a fazê-lo.

Cardozo – Ao contrário dos casos anteriores, o destaque para Cardozo não tem a ver com movimentos de finalização, antes sim com a curiosidade do lance que deu inicio à goleada no Funchal. 3 toques do paraguaio. O primeiro, uma conclusão fácil, roça o péssimo e o segundo, com o guarda redes praticamente imóvel, não é melhor. No final de tanta mediocridade, eis que surge um passe preciso e a denotar grande visão num momento de óbvia pressão. É claro que não é difícil perceber este contraste em Óscar Cardozo. O seu sublime pé esquerdo contrasta quase em absoluto com a vulgaridade do outro que o acompanha. Por isso, o rendimento do “Tacuara” também pode variar enormemente de lance para lance.


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