4.1.10

Benfica - Nacional - Entre dominar e conquistar

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A euforia do resultado do clássico arrastou também algum deslumbramento nas análises feitas ao rendimento encarnado. Algumas semanas depois, o Nacional serviu como contra-teste quase perfeito. Porque, tal como frente ao Porto, o Benfica se fez valer pelo domínio que a sua mais valia colectiva lhe garantiu. E porque, tal como nessa noite chuvosa, ficou bem claro que há certas individualidades que marcam a diferença qualitativa no futebol encarnado. Por isso, contra o Porto o domínio não fora espelhado em igual proporção de ocasiões e, por isso de novo, o mesmo aconteceu na recepção aos insulares.

Quem viu o jogo pode constatar 2 coisas pouco concorrentes. Que a vitória só cairia bem de encarnado, e, que com um pouquinho de felicidade, o Nacional até poderia ter vencido na Luz.

Quanto à primeira, ela explica-se facilmente. Avassalador domínio do Benfica, fruto de uma enorme diferença de qualidade nos processos colectivos. Enquanto que o Benfica protagonizou – ainda que nunca dentro de patamares já vistos – um jogo esclarecido e bem preparado em todos os seus momentos, do outro lado, o Nacional, raramente conseguiu atacar, compondo um jogo muitas vezes de um só sentido. O Benfica e a qualidade da sua transição ataque-defesa, explicam boa parte do sucedido, mas uma outra, bem relevante, esteve nas limitações colectivas do próprio Nacional. O facto do seu bloco ser constantemente “afundado” no campo pela circulação de bola do Benfica, fez com que as recuperações fossem muito baixas e, por isso, também muito menos capazes de ter seguimento.

No entanto, e apesar deste domínio, o Benfica tardou em estar verdadeiramente perto do golo, acabando por estar demasiado dependente de um capricho do jogo. Os motivos desta distância do objectivo têm a ver com a qualidade de interpretação dos processos, que passa muito pela capacidade individual de quem tem essa responsabilidade – os jogadores. Um problema que não tem só a ver com as ausências dos desequilíbrios de jogadores como Aimar e Di Maria mas que se estende a outros capítulos do jogo. É que se era importante ser mais forte no último terço em organização, era também fundamental potenciar mais momentos de transição. E eles, sem outros intérpretes, aconteceram em número muito escasso.

É um pouco isto que se pode esperar do Benfica. Uma enorme capacidade colectiva que lhe permite ser dominador, mas, também, uma dependência de algumas figuras para que esse domínio se traduza, realmente, numa capacidade conquistadora. Um problema que, afinal, é comum qualquer grande equipa.
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