1.10.09

Porto - Atl.Madrid: Tacticamente superior

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Deve ser enigmático para quem de fora acompanha os constantes feitos portistas frente a equipas que, ano após ano, têm mais recursos. De facto, seria algo para ser explicado nos domínios do sobrenatural não tivesse o futebol uma pequena componente denominada “táctica”. Não porque a “táctica” seja um segredo nacional, mas porque entre Atlético e Porto há um grande diferencial entre a qualidade dos comportamentos colectivos. Por isso o Porto dominou e por isso desde cedo se aproximou de uma vitória que lhe acabou por sorrir. Sem discussão, diga-se.

Não era preciso ver mais de 10 minutos do jogo para perceber naquilo em que se iria tornar. Quando uma equipa pressiona e a outra espera, quando uma equipa se move em conjunto e outra se desmembra com facilidade, só há um cenário provável. O domínio da primeira sobre a segunda, ou, neste caso concreto, do Porto sobre o Atlético. E assim foi.

Face a este contexto, pode dizer-se, demorou muito que o Porto conseguisse materializar a sua superioridade. Jesualdo falou dos 4 centrais do Atlético e das dificuldades que os “colchoneros” criaram na zona mais recuada. Não é por ter 4 jogadores com essas características, mas sim pelo aglomerado de jogadores que o Atlético reservava para a frente da sua área. O Porto dominava mas tinha dificuldade em ultrapassar essa barreira.

E aqui entram os pontos que impediram o Porto de ter ainda uma partida mais confortável. Os mesmo, no fundo, que o impedem de ser neste momento mais forte. Primeiro, a dependência das acções de Hulk para criar desequilíbrios, com a equipa a ter dificuldade para encontrar outras soluções no último terço, sejam elas colectivas ou individuais. Tudo isto, claro, se tornava mais problemático quando Hulk saía da direita, tornando-se num jogador de rendimento absolutamente contrastante do outro lado do campo. Depois, a incapacidade do pressing em ser mais forte e autoritário durante mais tempo. Aqui, há que descontar a relevante atenuante da qualidade individual dos jogadores do Atlético que, mesmo sem grande ordem, lá conseguiram por vezes soltar-se.

Estes aspectos não puseram em causa o controlo do jogo, mas determinaram um adiamento da sua decisão que podia, com alguma facilidade, e apesar de tudo, ter-se arrastado para um ingrato 0-0.

Abençoado falhanço
Excelente passe de Meireles e fantástico improviso de Falcao. Mais curiosa, no entanto, é a acção de Hulk. Da bicicleta puxa um remate que sai bem. Com o pior pé. E quando a bola lhe ressalta para o esquerdo, mais habilitado, ele... falha. Faria sentido se fosse visto ao espelho. Assim não faz, mas o falhanço foi de facto abençoado.

Atlético: Uma pena...
Faz confusão como é que tanto potencial individual é tão banalmente aplicado. Esta equipa do Atlético tem potencial para discutir qualquer jogo com qualquer equipa e para ser um perigoso “outsider” na Champions. Mas não é. Não é porque não sabe pressionar, porque se limita a esperar pelo adversário e porque quando tem de atacar, seja em transição, seja em organização, esbarra sempre numa imediata dependência do improviso individual. Não é no último terço, é logo no primeiro passe. Outra coisa que espanta é a evolução desta equipa desde a pré época. Fez uma primeira parte bastante boa na Luz, mas de lá para cá parece ter regredido.
Diria, para ser ousado, que em vez de vir gastar milhões para levar jogadores, e por muito menos, o Atlético levaria de cá um treinador e teria, realmente, uma equipa.

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