Antes desta jornada de apuramento, muitos responderiam com “Argentina”, de pronto. Depois do que se viu em La Paz, a maioria hesitará. Não se deve confundir a parte com o todo e esta goleada da Argentina não tira o talento enorme que Maradona tem ao seu dispor, devendo também ser enquadrada com as condições profundamente atípicas do local onde foi jogado o jogo. Uma goleada de 6-1 frente a uma das mais modestas Selecções do Continente, no entanto, diz alguma coisa. Para se ser campeão do mundo, já se sabe, é preciso mais do que talento individual e esse extra é algo que, sinceramente, duvido muito que seja Maradona a poder dar. A ver vamos...
Na Europa, há uma Inglaterra que com Capello merece mais respeito do que nunca, uma Itália que com Lippi voltará a ser dificílima de bater (não que tenha deixado de ser...) e outras Selecções que serão sempre temíveis pela qualidade que têm. Há uma, no entanto, que se destaca nesta altura. A Espanha.
O grande encontro de ontem foi jogado em Istambul, entre o campeão e um semi finalista do Europeu, num ambiente intenso e com uma enorme entrega por parte dos jogadores. A Espanha venceu, sem Villa e Iniesta, mas a história do jogo deve relatar as dificuldades espanholas, bem como, mais uma vez, a inocência turca. A Espanha voltou a revelar o seu futebol fantástico e sem paralelo na Europa da actualidade, de pé para pé, quase imune ao pressing, à imagem do Barcelona. Comandada por Xavi resistiu aos momentos iniciais turcos e parecia começar a dominar o jogo. Surgiu então um movimento característico de Tuncay, a surpreender a defensiva espanhola e originar o 1-0. O estádio enlouqueceu e o jogo mudou, com os turcos a jogarem muito determinados, com um bloco muito curto que dificultava a progressão espanhola e, depois, a conseguirem ser perigosos sempre que chegavam próximo da área de Casillas. A tarefa espanhola parecia espinhosa, com Xavi a não ser suficiente, com Torres totalmente desinspirado e, do outro lado, Arda Turan, em grande momento. Canto, erro de Demirel, mão, penalti, empate. Nova abordagem turca, com pressing alto (e inutil, diga-se), muita vontade, melhores ocasiões, mas também muito risco e inocência. Os espanhóis estavam mais preocupados com a manutenção de um empate sofrido, mas acabaram por, porque não, conseguir algo mais. Um alívio e o recém entrado Guiza, a jogar no terreno do clube rival fez a assistência para um golo cruel, que gelou Istambul em tempo de descontos.
Não é por esta vitória que, como referi, foi mais sofrida do que outra coisa. Ainda assim, parece-me que, com Del Bosque, a Espanha pode ser bem melhor do que o campeão europeu...