30.4.09

Man Utd - Arsenal: Dominador, mas misericordioso!

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Não é suposto ser tão fácil. As meias finais da Champions são jogos tipicamente de detalhe e sem uma superioridade clara. Os nomes dos emblemas faziam supor isso mesmo, mas se vista a ficha de jogo logo se desconfiou de alguma superioridade caseira, com os primeiros minutos esse sentimento ganhou outra expressão, ficando desde aí evidente uma enorme diferença de potencial entre as equipas. A este nível, a concentração é máxima e são raros os erros colectivos, especialmente em equipas com modelos tão rotinados. Se até aqui as equipas se equivalem genericamente, muito claramente tal não acontece ao nível da capacidade individual. Havia na realidade uma grande diferença individual entre os 2 conjuntos e a sensação de um Arsenal impotente a consequência inevitável. Para o interesse da eliminatória valeu a misericórdia do United que se limitou a vergar o seu adversário, deixando-lhe no entanto alguma margem para se reerguer na segunda mão.


Man Utd: simplesmente superior
Se o Arsenal apareceu fragilizado, o United não deu hipóteses e fez um excelente jogo, dominando nas várias fases da partida. A entrada foi imperial. Quer pela forma como dominou o adversário e o impediu de sair a jogar, quer como, com bola, não manifestou ansiedade, preferindo períodos de mais segurança e menos verticalidade, e esperando pelo melhor momento para entrar num bloco que, naquela altura, nada arriscava na concepção de espaços. A qualidade do seu futebol não lhe tardou a dar um golo mais do que esperado. Às mudanças no cariz do jogo e postura do adversário, o United respondeu sempre com grande maturidade, mantendo um domínio quase absoluto em todos os momentos. O senão de tudo isto vai, claro, para a finalização que terá ficado a dever pelo menos 2 golos àquele que O’Shea tão prematuramente conseguiu.
Individualmente, não posso evitar alguns destaques. Anderson foi um dos melhores em campo. Não que tivesse sido perfeito nas suas acções e decisões, mas o seu papel foi fundamental no domínio da zona central, parecendo ser quase sempre o elemento diferenciador na batalha desse sector. Tevez só me surpreende por ser tão pouco utilizado. Com ele o United ganha quase sempre outra vivacidade e outra qualidade, pela forma inteligente e activa como se movimenta e pela qualidade com que procura combinações quase sempre curtas e rapidíssimas que quase sempre desequilibram – foi assim que nasceu a jogada que antecedeu o canto do golo. Ronaldo mostra, para quem quer ver, o porquê de ser provavelmente o jogador mais valioso do futebol actual. Jogando a partir da direita, ganha muito quando a equipa opta pelo corredor oposto para atacar. É assim que ele aparece em melhores circunstâncias, ora no espaço a responder a variações de flanco, ora em combinações na zona central (como ganha com a presença de Tevez!), ora em abordagem a cruzamentos onde é dos mais temíveis finalizadores na actualidade. Compare-se a forma como é servido no clube e na Selecção e talvez se entenda melhor as reais razões para a diferença de rendimento...

Arsenal: daria para pedir mais?
Antes do jogo, vale a pena perguntar como é que chega a este nível uma equipa com tão humildes recursos. Naturalmente que as lesões são a principal justificação mas não posso esconder a admiração por se conseguir, ano após ano, estar entre os melhores com um nível de investimento incomparavelmente inferior. Não me canso de repetir, o modelo do Arsenal deve ser um modelo para os clubes de menores recursos.
Com uma equipa manifestamente abaixo da qualidade exigível para este nível, Wenger tentou uma pequena manobra táctica, já vista na primeira mão frente ao Villareal. A ideia passou por reforçar a zona central, utilizando Fabregas como uma espécie de “joker”, que se juntava a Adebayor para pressionar, mas que baixava para construir em posse. A verdade é que essa variante táctica nunca produziu efeitos práticos desejados, apesar de Wenger nunca a ter alterado (inclusivamente, lançando Bendtner para jogar sobre a direita!). A equipa teve dificuldades em segurar o móvel e dinâmico ataque do United, mas foi com bola que mais falhou. Primeiro, ao não conseguir fazer um primeiro passe útil que permitisse sair do pressing do United, em transição. Foi devido a esta lacuna que a equipa foi tão massacrada no primeiro tempo. Depois, quando o United lhe permitiu ter mais bola, nunca conseguiu criar linhas de passe verticais que permitissem à equipa evoluir para zonas mais próximas da baliza, faltando-lhe sempre um elemento que ajudasse Adebayor nessa tarefa. Ficará para sempre por saber o que aconteceria se Wenger tivesse em algum momento arriscado por aquele que é, afinal, o seu modelo base, mas a verdade é que o que se viu não foi uma resposta minimamente à altura das dificuldades que lhes foram colocadas.

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