Exibição possível – Não consigo ser muito critico em relação ao jogo que o Porto fez, tendo sobretudo em conta 3 factores. A inversão súbita da eliminatória, alterando por completo o plano de jogo, A lesão de um jogador tão fundamental como Lucho e, claro, a qualidade deste adversário que nunca seria, para ninguém, fácil de ultrapassar depois de estar em vantagem.
A primeira parte foi muito difícil e quase completamente dominada pelo United que até podia ter chegado ao 0-2 em algumas, poucas mas muito boas, ocasiões. Aí, destaque para as dificuldades do pressing portista, claramente afectado por 2 momentos fundamentais nos primeiros 45 minutos. Primeiro, o tal golo de Ronaldo e depois, na melhor fase portista do período, a lesão de Lucho. A reacção a esses momentos foi má, a equipa perdeu concentração e intensidade na forma como pressionou e permitiu que o United controlasse perfeitamente o jogo, fazendo apelo a bons períodos de posse de bola. No segundo tempo, o Porto esteve melhor, tendo a complicada tarefa de tentar o empate mas sem nunca perder o controlo do adversário, devido ao risco que representava um segundo golo. O Porto fê-lo bem essencialmente porque impediu o United de ter bola, pressionando bem e mantendo sempre o jogo no campo oposto, e, por outro lado, sendo inteligente na forma como conduziu a sua organização ofensiva, com a equipa a tirar partido de um posicionamento muitas vezes inútil de Berbatov em termos defensivos. Numa fase em que se assumiu em 4-4-2, ao Porto faltou depois inspiração na fase final do terreno para conseguir inverter de novo o sentido da eliminatória.
Substituições – Creio que não foram nada benéficas para o Porto. Primeiro substituir Lucho não era fácil e, como se provou, Mariano atravessa um óptimo momento pelo que se justificava o seu aproveitamento. O problema foi que em termos tácticos Mariano está longe de ter as mesmas características que Lucho e isso abalou a equipa. A solução deveria ter provavelmente passado pela colocação do argentino, mais cedo, sobre a ala, onde de facto desequilibrou. Mas aquela que me faz realmente criar um parágrafo para o tema é a segunda. É um clássico dos treinadores colocarem um ponta de lança quando têm de marcar, o problema é que muitas vezes (talvez a maioria), essa é uma mexida prejudicial para a própria equipa. Ao trocar Farias por Rodriguez, o Porto ganhou um jogador de área mas perdeu um extremo desequilibrador e muito forte nas zonas de finalização e ainda retirou margem de utilidade a Lisandro cuja mobilidade ficou condicionada pela ocupação em permanência do espaço central. Farías era uma arma a utilizar, sim, mas não a qualquer preço.
Individualidades – Primeiro destaque para Hulk, porque muito dele se esperava e, de novo, porque foi uma desilusão. Claramente a sua fama criou-lhe ansiedade e isso sentiu-se, tal como em Old Trafford, a cada posse de bola. Claramente, deverá aprender com a experiência se quiser evoluir. De resto, as performances individuais portistas confirmam a ideia de um jogo globalmente positivo, pecando na inspiração no último terço, onde para além de Hulk, não houve ninguém em “noite sim”. Cissokho, Fernando e Mariano terão sido os principais destaques pela positiva. No United, o jogo é de Ronaldo pela obra prima que decidiu a eliminatória, mas o melhor em termos de regularidade foi Rooney, contrastando com a apatia de Berbatov. Nota ainda para a utilidade de Anderson e para o efeito de Nani no jogo, dando grande qualidade à gestão da posse de bola e ajudando a congelar definitivamente as aspirações portistas. A sua entrada justificava-se muito antes...