Quem olha para o resultado ou viu mesmo uma primeira parte de grande domínio territorial do Porto, ficará com a ideia de que este terá sido um jogo fácil para o Porto. Na minha percepção, essa é uma ideia errada porque a estratégia de jogo da Académica passou precisamente por apresentar um bloco mais baixo e com poucos espaços para jogar. A verdade é que, apesar de todo o domínio, o Porto sentiu fortes dificuldades em ultrapassar a organização estudante e estou em crer que se este jogo tivesse corrido como por exemplo aconteceu em Guimarães, o Porto passaria por dificuldades à partida inesperadas.
Marcar antes do risco – Domingos queixou-se da incapacidade da sua equipa em sair a jogar no primeiro tempo. Para o fazer a Académica teria de ter tido a parte complementar da estratégia do bloco baixo. Ou seja, capacidade para atrair a posse do Porto para as zonas densas do seu bloco, criando condições para iniciar transições rápidas a partir das recuperações conseguidas nessa zona. Isso não aconteceu essencialmente por mérito do Porto e não tanto por demérito da Académica. Isto porque a posse portista foi sempre muito segura, não assumindo riscos e optando várias vezes por lançamentos mais largos que não punham em causa o momento de transição. O resultado foi o tal domínio continuado portista, mas também uma grande dificuldade em criar lances de perigo, contando-se apenas 2 mais claros. Curiosamente, até, foi a Briosa quem teve talvez a melhor ocasião da primeira parte, num lance isolado mas que caso tivesse sido concretizado poderia lançar o jogo para uma toada em que o Porto seria obrigado a arriscar bem mais do que havia feito até aí. É por isso que o timing do golo de Rolando se revela tão importante. Não só o Porto conseguiu a vantagem como evitou entrar num período em que as condições para transições da Académica seriam forçosamente melhores, pelo risco que teria de passar a assumir.
Sem Lucho – A ausência de Lucho era o elemento novo para este jogo. “El Comandante” é uma mais valia óbvia, sobretudo em jogos em que os espaços são limitados pelo adversário, como foi o caso. A verdade no entanto é que o Porto é uma equipa com grande qualidade colectiva e que não está dependente de uma só unidade como já se provara em outras ocasiões. Uma coisa é o facto do Porto ter um modelo optimizado para as características dos seus melhores jogadores, como é o caso. Outra, completamente diferente, era se esse modelo não estivesse assimilado por todos. Mariano pode não ter as características de Lucho, mas sabe perfeitamente o papel que tem de cumprir na sua ausência.