Aproxima-se um embate potencialmente decisivo frente a Suécia. Esta é, também, uma oportunidade para olhar com um pouco mais de atenção para este país e para a história do seu futebol.
É hábito dizer-se que os nórdicos são grandes e toscos. Para começar, desvalorizar uma cultura, ou neste caso, um estilo de jogo sem antes o tentar compreender é, sobretudo, uma manifestação de falta de inteligência. Mas não é esse o ponto que pretendo abordar. O que ressalta de um olhar pela história do futebol é uma presença altamente surpreendente dos suecos nos principais palcos do futebol mundial, desde os primeiros tempos até aos mais recentes. Aliás são poucas as selecções que se poderão gabar de um melhor historial. A maioria recordará o terceiro lugar no Mundial de 1994, ou mesmo a meia final 2 anos antes, no Euro 92 jogado em sua própria casa. A verdade, porém, é que o futebol sueco terá tido um período não menos fulgurante nos anos 30, 40 e 50, com grandes resultados nas fases finais dos mundiais e, também, nos jogos Olímpicos da altura. Entre estes períodos realça-se ainda os 2 títulos do Gotemburgo na Taça Uefa nos anos oitenta e a final do Malmo na Taça dos campeões Europeus em 1979.
Tudo isto para destacar a extraordinária competência de um país que, no futebol não foge ao registo de outras áreas, onde consegue níveis de performance verdadeiramente espantosos para uma nação de apenas 9 milhões de habitantes. Aliás, os suecos, apesar de serem um país relativamente pequeno, são analisados e distinguidos pelo seu perfil de gestão e liderança, realçando-se a forma invulgarmente democrática e aberta como se relacionam em praticamente todas as áreas (no futebol um exemplo evidente desta característica foi a co-existência de 2 treinadores à frente da selecção entre 2000 e 2004). Este é um aspecto que pode ser particularmente relevante para o futebol em particular. É que a mentalidade sueca, ao contrário da britânica ou americana que fazem escola na maior parte do mundo, é baseada no colectivismo e não no individualismo. Esta opção poderá justificar o sucesso de tantas equipas suecas sem que, paralelamente, se reconheça nos suecos individualidades de particular destaque (na Ballon d’Or, nunca nenhum sueco conseguiu, sequer, um terceiro lugar!).
Esta análise serve também de aviso e alerta para o momento actual da selecção sueca e, em particular, para o jogo de Sábado. Com uma selecção longe de ter o talento individual de outros tempos e privada da sua principal individualidade por castigo, os suecos podem parecer um adversário bem mais fácil do que realmente serão. A sua força, como facilmente se percebe, nunca teve como pilar principal as individualidades mas sim a capacidade de organização colectiva. Para Portugal deve sobrar a certeza de que no Sábado a surpresa acontecerá se a vitória for fácil e não o contrário.