Bayern – Sporting
Tinha previsto não falar deste jogo, pelo desinteresse competitivo que a goleada da primeira mão havia implicado. Não me equivoquei quanto ao desinteresse competitivo, mas o que o se passou torna este jogo simplesmente incontornável. Aquilo que aconteceu em Munique foi simplesmente a continuação da segunda parte da primeira mão. É absurdo falar-se de aspectos colectivos, tácticos ou técnicos quando a nível individual e mental se verifica um tamanho descalabro. Para um psicólogo estes serão 2 jogos que, não tenho dúvida, poderão constituir um “case study”. Destaco, em particular, a reacção diferente de vários jogadores e o facto dessas diferenças não terem tanto a ver com experiência mas sobretudo com tipologias de carácter.
É uma derrocada que fica na história do Sporting de forma bem mais saliente do que o inédito apuramento para os oitavos e que tem essa particularidade curiosa e aparentemente paradoxal de ter sido intervalada por jogos em que a equipa demonstra qualidade e força mental. Aqui, destaco particularmente os jogos com o Benfica e Porto, onde a pressão esteve sempre do lado do Sporting e a resposta foi em ambos os casos francamente positiva. Será este um exemplo exacerbado de um ponto que venho focando. O lado emocional é o mais importante no futebol. Ele condiciona, negativamente ou positivamente, a resposta que se dá no campo aquilo que se treina durante a semana e pode, no limite, tornar todo esse trabalho totalmente irrelevante.
Primeiros desfechos, primeiras ilações
Metade destes empolgantes oitavos de final estão terminados. Há, para mim, 2 conclusões que se podem tirar, independentemente do que venha a acontecer mais logo.
A primeira tem a ver com o tipo de futebol que se pratica nos jogos de elite na Europa. São jogos de rigor, de detalhe e de pormenor. É assim porque a organização e a qualidade é enorme e estas são as formas das equipas se diferenciarem. A verdade é que quem não for capaz de jogar este jogo sairá, mais do que provavelmente, derrotado.
A segunda decorre da primeira e tem a ver com o poderio dos ingleses. São as equipas mais fortes da prova, não porque tenham melhores jogadores (pelo menos não será assim em todos os casos), mas porque há mais organização e qualidade colectiva. Não é pelo domínio que vencem, mas pela forma como gerem os jogos como equipa e como, depois, decidem nos detalhes. Esta superioridade é também uma vitória da política de maior estabilidade que se vive em Inglaterra e essa é uma leitura que deveria ser feita noutras paragens. Das outras 2 ligas fortes da Europa caíram os segundos classificados. Sobram Inter e Barcelona.