O fim do sonho
Não teria forçosamente que acabar, mas era uma franca probabilidade e o sonho europeu do Braga acabou por não chegar à meta histórica dos quartos de final. A Taça Uefa pode parecer uma segunda divisão da Europa quando olhamos para o nível dos ‘tubarões’ da Champions e a verdade é que o nível é mesmo absolutamente incomparável, hoje mais do que nunca, mas para o Braga este é já um nível demasiado elevado para uma candidatura real à vitória na competição.
O Braga não foi inferior ao PSG e arrisco até dizer que dificilmente seria inferior na discussão da eliminatória com qualquer uma das 8 equipas nos quartos de final. Ou pelo menos em 80% do campo. Este último ponto leva-me à primeira fragilidade do Braga, a diferença de qualidade individual, particularmente na diferença que se consegue fazer no último terço do campo. Em Braga, mais do que em Paris sentiu-se isso, que faltava uma capacidade de definição que desse outra objectividade aos momentos de domínio que a equipa consegue. A outra fragilidade tem a ver com o desgaste físico. Apesar de Jesus ter feito uma gestão de esforço que deu prioridade a esta prova (ao contrário do PSG), a verdade é que se percebeu que o passar do tempo prejudicaria o futebol do Braga, cada vez com mais dificuldade em impor um ritmo de jogo que é também a sua principal arma colectiva. Aqui, destaco aquillo que já anteriormente referi sobre esta equipa e este modelo. Ou seja, que este tipo de jogo alto e pressionante é muito desgastante e sobretudo do ponto de vista mental, exigindo um elevado nível de concentração de todos os jogadores. Diria, por isso, que o Braga levou o KO numa altura em que se sentia a sua incapacidade de vencer aos pontos o seu adversário.
E agora...
A Taça Uefa confirma o seu equilíbrio e a sua enorme imprevisibilidade. Ao contrário da Champions League, onde 5 ou 6 das 8 equipas finais seriam mais do que esperadas nesta fase, na Taça Uefa tanto não surpreendem estes 8 nomes finais como facilmente se encontram entre os eliminados 8 equipas que facilmente poderiam estar nesta fase.
Ainda assim, confesso alguma surpresa pela presença de várias equipas que não dando tanta importância à competição conseguiram chegar até aqui. Será o caso dos 2 representantes franceses e do Man City. Aliás, para o futuro, e à medida que o equilíbrio vai sendo ainda maior, creio que esta componente da prioridade que se dá à Taça Uefa, ganhará mais importância. Por isso, parece-me bem provável que uma das equipas ucranianas possa tornar-se na sensação da prova, já que todas as outras equipas estão envolvidas em ligas bem mais competitivas e desgastantes. Já agora, a este propósito, destaco a eliminação do Galatasaray que acalentava uma enorme esperança de jogar a final em casa, bem como do CSKA, uma das equipas que via com probabilidades crescentes de sucesso, caso se tivesse mantido em prova.