24.3.09

3 lances do derbi...

ver comentários...

Foi um jogo particularmente pobre em ocasiões e, vendo bem, poucas mais existiram em jogo corrido para além das 3 que constam neste vídeo. Ainda assim, aconteceram estes 3 lances de grande desequilíbrio junto das balizas, sendo que apenas o último acabou por ter como consequência o golo. Do ponto de vista de quem defende, estes são também espelhos daquelas que foram os factores que mais puseram em causa o controlo que cada uma das equipas tentava ter do adversário. Do lado do Sporting, os erros individuais e do lado do Benfica a relação intersectorial quase inexistente entre defesa e meio campo.

O primeiro lance de golo
Foi logo a abrir o jogo e, até, apareceu algo desenquadrado com alguma tentativa de domínio de jogo por parte do Sporting nos minutos iniciais. O Benfica acabou por tirar partido de um erro de comunicação entre Polga e Rochemback, depois do primeiro ter feito valer um dos seus pontos fortes em termos defensivos, a capacidade de antecipação. O problema óbvio é que a saída de Polga da sua zona acabou por desequilibrar numericamente a defensiva leonina, exigindo-se por isso grande certeza na continuidade da acção do central brasileiro. Como isso não aconteceu, aquilo que seria uma jogada de insistência ofensiva do Sporting terminou numa ocasião de golo para Nuno Gomes. Na jogada, nota para a rápida saída do Benfica, não permitindo que o Sporting se pudesse recompor. O mérito vai para as acções dos intervenientes directos, Aimar e Nuno Gomes, muito rápidos a sair em transição, mas também para o movimento (ainda que não concluído) de Suazo. A diagonal do hondurenho é o movimento correcto numa situação de superioridade numérica, abrindo um espaço onde Nuno Gomes acabou por aparecer.


A táctica dos matraquilhos?
Por vezes, ao ver algumas jogadas deste Benfica, lembro-me dos jogos de matraquilhos. A equipa parece jogar em 3 linhas e quando a distância entre essas linhas aumenta, não há qualquer solidariedade entre sectores, estando cada um entregue a si mesmo. Na linha lateral, o gesto de Quique é quase sempre o mesmo todos os jogos, com as mãos alinhadas de forma paralela indicando a necessidade de encurtar os espaços entre sectores. É óbvio que as linhas jogando juntas, a proximidade entre sectores será muito grande, diluindo este problema característico de um jogo de matraquilhos, mas também parece evidente que nem sempre é possível que os sectores estejam juntos e que seria muito mais aconselhável desfazer pontualmente cada uma das linhas, garantindo uma melhor cobertura dos espaços, em profundidade. Esta é, no entanto, uma conversa que vem da pré época...
Nos lances em causa, destaco, no primeiro, a excelente reacção da dupla Liedson-Derlei à situação criada. O ataque da zona atrás dos centrais, em diagonal, passando para a frente do lateral é o movimento correcto para este tipo de lances onde os centrais (1 deles e nunca os 2) têm de bloquear o homem da bola, ganhando assim vantagem sobre os laterais. Valeu a rapidez de reacção do tantas vezes criticado David Luiz. No segundo lance – o do golo – a jogada começa, de novo, com a bola a aparecer no espaço entre linhas, mas a jogada acaba por expor outros problemas. Poder-se-á começar por apontar a displicência de Reyes no acompanhamento que não faz à subida de Caneira. Numa perspectiva zonal, no entanto, esse não é o problema mais grave. Com Luisão atraído para fora da sua zona e Maxi batido, restam Miguel Vitor e David Luiz no meio. Aqui deveria haver uma compensação imediata de um dos médios sobre a zona central da defesa. O que se verifica, no entanto, é que não existe da parte dos médios qualquer preocupação com essa compensação, acabando por permanecer sempre distantes dessa zona fundamental onde se criou uma situação de desvantagem numérica inconcebível e que se prolongou até à abordagem do ressalto do primeiro remate de Liedson. Aqui devo fazer uma nota para Katsouranis, pelo facto de noutras alturas ter destacado a sua inteligência na reacção ao preenchimento dos espaços. Normalmente essa característica do grego compensa as lacunas colectivas, mas neste caso isso não aconteceu.

AddThis