23.3.09

Benfica - Sporting: equilibrio e polémica no clássico final

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Podia ser pior? – Começo por me referir ao carácter desastroso com que termina esta competição. Os esforços por cativar patrocinadores e clubes para esta ideia foram evidentes por parte dos responsáveis da Liga. Pessoalmente, como já defendi, louvo a intenção de criar e tentar dinamizar a competição, por motivos vários que não vou repetir. O problema, no entanto, é que das boas intenções às boas práticas vai uma distância enorme e tudo correu mal nesta edição da prova, culminando numa final que ficará na memória por polémicas que são precisamente a antítese de qualquer promoção à competição. Regulamentos dúbios, arbitragens polémicas e um modelo competitivo que não agradou à maioria dos intervenientes foram os ingredientes principais. Junto ainda, nesta final, o mau estado do relvado que condicionou a qualidade do jogo e o facto de se insistir num recurso rápido às grandes penalidades como método de decisão, o que não é nada próprio para uma competição que pretende ter alguma importância. Depois do primeiro ano ter visto Benfica e Porto saírem precocemente da competição, a segunda edição expôs uma série de trapalhadas que são, no fundo, apenas uma curta imagem do que é realmente o amadorismo que envolve cada jogo de futebol em Portugal. Tudo isto somado, pergunto-me como será encarada por jogadores e adeptos a terceira edição desta prova...

Jogo - Passando ao jogo, a sua história não é muito complexa. Tudo isto pelo pouco tempo útil que houve na partida, com muitas faltas e muitas paragens, que foram o resultado de uma grande entrega e agressividade por parte dos jogadores e, também, de um relvado que não facilitava a definição rápida dos lances.
Comparativamente ao último derbi, este foi diferente por vários motivos, começando pelas surpresas de Quique no preenchimento do seu 4-4-2 e por uma maior disposição do Benfica para dividir o jogo, não se limitando apenas a refugiar-se num bloco baixo antes de lançar Suazo em profundidade. Ainda assim, foi o Sporting quem começou melhor no jogo, sendo essa tendência mais global escondida por alguns erros individuais que permitiram ao Benfica ser a equipa com a primeira grande ocasião da partida. Esse lance, de resto, terá condicionado o período inaugural do jogo que foi invulgarmente aberto, tendo o Sporting depressa igualado o “feito” de Nuno Gomes, com Liedson a falhar o 1-0 já sem Quim na baliza. O jogo caminhou depois para uma fase mais dividida, com o Benfica a mostrar-se também em organização ofensiva e não apenas em transição, mas com o jogo a fechar-se mais, não havendo grandes desequilíbrios até ao intervalo.
A segunda parte começou, tal como em Alvalade, com o golo do Sporting. Uma jogada bem elaborada, mas que evidencia mais uma vez a falta de solidariedade entre os sectores encarnados, com o meio campo a não compensar minimamente uma zona central pontualmente exposta pelo desenrolar do lance. A reacção ao golo não deu vantagem a nenhum conjunto, numa toada de controlo mutuo e marcada por muitas bolas paradas, quase sempre longe da baliza. Derlei primeiro e Miguel Vitor depois tiveram boas situações para marcar neste tipo de lances, mas essas foram excepções de uma regra que parecia beneficiar o Sporting, pela vantagem que já havia conseguido. O penalti acabou por desfazer essa tendência e o seu efeito acabou por tornar os penaltis quase uma inevitabilidade. Isto porque, se o Sporting ficou condicionado pela inferioridade numérica, o Benfica não alterou muito a sua capacidade de ser perturbador, mesmo com 1 jogador a mais. Destaque, nesta fase, para mais uma prova da pouca ousadia táctica de Quique, compreendendo-se dificilmente as suas alterações.
O jogo terminou num empate e forçou a mais um desempate por penaltis. Se o jogo é fértil em matéria de sorte e azar, os penaltis são pouco mais do que isso. Ainda assim, foi irónico ver Quique estranhamente tirar um dos seus principais marcadores de penaltis (Reyes) a 2 minutos do fim e Paulo Bento guardar 2 substituições para essa decisão e, no fim, ser o Benfica a levar a melhor. Valeu a inspiração de Quim.

Benfica – Sobre as alterações de Quique, parece-me que não serão apenas circunstanciais e que as veremos repetidas em próximos jogos. A grande alteração passa pela readaptação de Aimar que, apesar de colocado sobre a ala, consegue aparecer em situações bem mais favoráveis às suas características. De resto, esta colocação teve também o condão de atrair o meio campo do Sporting para zonas mais interiores, abrindo espaço às progressões de David Luiz, a solução para a saída de bola, particularmente no final da primeira parte. No Benfica, realçar que a exibição, apesar de não ter sido má, foi ainda muito intermitente, acabando por se colocar num caminho que tinha tudo para conduzir a mais uma derrota, depois de um erro defensivo ter comprometido a equipa, antes desta evidenciar grande incapacidade para chegar à área adversária por outra via que não fossem as bolas paradas. É bom que se diga, no entanto, que este foi um Benfica sem grande tempo de rotina, merecendo novas oportunidade para mais conclusões. Até porque o Sporting será um adversário mais complicado do que qualquer outro dos que restam até final da temporada.

Sporting – O Sporting pareceu ser capaz de entrar mais forte no jogo, mas alguns erros individuais, com Polga em particular destaque, foram essenciais para que tal tendência depressa se esbatesse no jogo. Sem ter feito um jogo brilhante, sobretudo pelo efeito de algumas exibições aquém do habitual, o Sporting parecia ter tudo para vencer o jogo. Nova entrada forte no jogo na segunda parte valeu a vantagem e, se é verdade que a equipa não arrancou (longe disso) para a mesma exibição do último derbi, também se deve dizer que a reacção do Benfica foi em grande parte controlada. O penalti, de resto, apareceu numa altura fundamental, já que as condições para surpreender o Benfica aumentariam seguramente com o aproximar do final do jogo. Entre as exibições menos conseguidas destaco os lapsos de Polga, a ineficácia invulgar de Liedson e a discrição atípica de Vukcevic, 3 figuras que normalmente têm um peso diferente no jogo.

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