O que não explica o mau resultado – Como sempre nestas ocasiões chovem criticas, todas elas com um fim comum, colocar em causa as opções do treinador para o jogo. Como sempre, também, estas são criticas que surgem em função do que se passou no jogo e que têm como epicentro a escolha de um jogador A em vez de um jogador B, ou a substituição que pecou por chegar demasiado tarde ou não ser suficientemente ofensiva. Mas será que Portugal deixou de ganhar à Albânia por causa do jogador A ou B? Ou será que para atingir essa vitória Portugal está dependente de uma substituição certa no timing certo? Claro que não. Mas é mais fácil assim, assim como é mais fácil criticar as opções de Queiroz depois de conhecido o resultado, assim como foi fácil elogiar o discurso e primeiras escolhas do seleccionador quando tudo correu bem frente a Malta. Infelizmente, nada disto é construtivo, nem explica seja o que for...
O que ajuda a explicar – Para quem viu o jogo é fácil detectar aonde, temporalmente, é que Portugal falhou. A primeira parte, pois claro. Entre as opções iniciais tenho alguma dificuldade em perceber a opção por Danny como extremo (será que é aí que Queiroz vê nele uma mais valia para esta Selecção?) ou mesmo a repentina titularidade de Manuel Fernandes (não pela falta de qualidade, mas pela forma como, de repente, surge a titular). Mas, como referi anteriormente, nada disto me parece fundamental para explicar, quer o resultado, quer a parca produção nesse período inicial do jogo.
Atacar frente a uma equipa motivada, concentrada e orientada para uma ocupação eficaz dos espaços defensivos, pode ser uma tarefa um pouco mais complicada do que parece se tal acontecer permanentemente em ataque organizado e, claro, não houver um rasgo de inspiração que desequilibre o jogo. É por isso que se torna fundamental neste tipo de jogos começar a atacar, defendendo. Ou seja, ser agressivo e organizado no momento da perda de bola, pressionando o adversário e impedindo-o de pensar, jogar e respirar na partida. Este foi, na minha opinião, o principal defeito da exibição portuguesa, que permitiu, durante grande parte dos 45 minutos iniciais, que os albaneses pudessem jogar e respirar com bola e defender mais facilmente sem ela, porque raramente eram apanhados em situações de desorganização.
Outro ponto que quero salientar é a previsibilidade do ataque português. Hugo Almeida foi um jogador completamente ausente da criação ofensiva, mantendo-se fixo na frente e sendo uma referência fácil de marcação para os centrais. Francamente, tenho dificuldade em encontrar no futebol moderno uma equipa que jogue com um 9 apenas para responder a cruzamentos... Mais uma vez, o perfil de um outro jogador alternativo poderia ajudar a esconder esta lacuna, mas o principal ponto devem ser os princípios colectivos e não as soluções individuais.
Falta, claro, falar de um aspecto altamente relevante para este empate: a eficácia. Portugal ficou – e ficaria mesmo que tivesse feito 1 ou mais golos na segunda parte – aquém das expectativas, mas é uma verdade que criou situações suficientes para ter ganho o jogo.
Apuramento – As contas estão a ficar cada vez mais complicadas, é certo, mas parece-me precoce passar a ideia de um cenário catastrófico. Primeiro porque esta é uma corrida com muito ainda por jogar e, segundo, porque não há forçosamente apenas 1 lugar que dá acesso ao apuramento. Um dos mais graves problemas que que Queiroz tem em mãos é a gestão da ansiedade do grupo – incluindo o próprio. Portugal, para chegar ao primeiro lugar, está agora obrigado, ou a fazer uma campanha perfeita, ou a depender do falhanço de terceiros. Naturalmente esta é uma situação de grande pressão com tanto para jogar e parece-me que será benéfico passar para os jogadores a ideia de que há uma “rede” por trás do objectivo do primeiro lugar e que Portugal não joga, a partir de agora, o tudo ou nada em cada um dos jogos. Se Queiroz gosta de ser racional na análise dos vários aspectos do jogo, é fundamental que o seja também na gestão emocional do seu grupo.