29.10.08

Jesus disse...

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Se os jogadores “partiram a loiça” nos 90 minutos frente ao Portsmouth, Jorge Jesus não fez por menos no final. Dirão que é fácil revelar tanta confiança após um resultado tão conseguido. É verdade, mas também o são as afirmações do treinador, independentemente do jogo e do seu resultado. Aqui ficam algumas notas sobre o que disse Jesus:

Problemas estruturais? - Não posso, em primeiro lugar, fazer um retrocesso de algumas semanas, quando o Braga atravessou um mau momento no campeonato. Na altura houve algumas considerações à qualidade colectiva do Braga, pondo em causa aspectos estruturais e não circunstanciais do jogo da equipa. Se eram estruturais onde estão eles agora? (mais uma vez, é o resultadismo de que falei na altura...)

O efeito da sobrecarga de jogos – Partindo do ponto anterior, vou para a questão da repetição de jogos. Há quem não compreenda ou não queira compreender a questão, mas para mim é muito evidente. Uma equipa que joga sucessivamente à Quarta e ao Sábado tem muito menos capacidade de conseguir ser constante, sobretudo se jogar contra equipas que não o fazem. Porquê? O principal motivo é o tempo que existe para recuperar e preparar o jogo seguinte. Em 2 ou 3 dias é difícil trabalhar e corrigir aspectos colectivos e isso nota-se muitas vezes, particularmente no nosso campeonato onde há uma grande disparidade de sobrecarga de jogos entre algumas equipas. Neste aspecto o Braga partiu em desvantagem e esse é o grande motivo das suas dificuldades em alguns jogos do campeonato. Noto a clarividência do treinador para perceber essa limitação que, na minha perspectiva, será o grande obstáculo do Braga na Liga.´

Treinadores ingleses e o futebol português – Mas o ponto mais importante tem que ver com a forma como Jesus se refere a alguns aspectos do futebol inglês, em comparação com o nosso. Ao contrário de muitos que passam a vida a criticar a mentalidade e a qualidade dos profissionais portugueses, com comparações absurdas com campeonatos de realidades e condições completamente diferentes, Jesus não se poupou às criticas. Sobre as limitações tácticas dos treinadores ingleses, já aqui escrevi uma vez, percebendo-se que não posso estar mais de acordo com o que disse o treinador do Braga que, ao contrário dos ditos opinadores, fala do que sabe.
O problema do futebol português não são, como se gosta tanto de vender, os treinadores (nem a sua filosofia), que em alguns casos não ficam a dever em nada ao que há no estrangeiro. O problema é de quem dirige o futebol, de quem o vem arrastando para uma situação de deprimência financeira e lhe retira possibilidade de ter melhores jogadores. Mas a esta responsabilidade não posso deixar de acrescentar uma outra. A de quem tem tido uma voz presente na construção da opinião ao longo dos anos e tem sucessivamente falhado nessa confortável tarefa que é comentar.

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