O Dínamo – Tinha deixado aqui o aviso para a qualidade deste Dínamo, muito diferente daquele que se apresentou o ano passado na Champions. Era, e ainda é, o principal adversário do FC Porto ao apuramento e será sempre uma formação muito complicada para qualquer adversário. Repetiram a proposta de jogo apresentada na Turquia, sem grande intenção de dar profundidade ao seu jogo ofensivo mas com a virtude de serem muito organizados e concentrados defensivamente e, depois, de terem uma muito boa capacidade para fazer da posse de bola uma arma de controlo do jogo e do adversário. Foram felizes na vitória que conseguiram mas, diga-se, o jogo decorreu precisamente como eles planeavam. Para se analisar o jogo tem de se ter em conta as dificuldades que o Dínamo criou defensivamente e, ao mesmo tempo, perguntar se os jogadores do Porto estavam conscientes de que teriam um adversário tão forte pela frente. Os adeptos certamente não estariam...
Entrada – Jesualdo falou, antes do jogo, de como a equipa sente que os seus processos de jogo são uma vantagem quando interpretados com a devida concentração e empenho. É um facto. Nomeadamente no que diz respeito ao pressing que é hoje, depois da perda de qualidade individual do plantel, a grande arma do futebol colectivo portista que está em grande medida dependente dos seus efeitos. Provocar o erro ao Dínamo não é fácil – não são uma equipa que erra facilmente em posse, ao contrário do que se pudesse pensar – mas o Porto tinha capacidade para fazer melhor do que aquilo que aconteceu nos primeiros minutos. Poucas vezes conseguiu transições perigosas e as suas iniciativas de maior perigo foram provocadas pela outra característica diferenciadora do ataque portista. A mobilidade. O facto de Lisandro (o melhor do Porto, na minha opinião) aparecer em zonas exteriores atrai as marcações para fora da zona de área, arrastando os centrais para zonas em que não estão tão confortáveis. O papel de Lucho (ainda abaixo do seu melhor) é depois fundamental ao aparecer em zonas de finalização e foi assim que o Porto quase chegou à vantagem. Não o conseguiu e também não conseguiu repetir muitas iniciativas que provocassem desequilíbrios, acabando depois por sofrer um golo que condicionou decisivamente uma partida já de si complicada. Sobre a bomba de Aliev pode dizer-se que Nuno foi ou não mal batido, o que sei é que devia estar prevenido para aquele pé direito. Não é novidade nem sequer é raro. Veja-se o seu livre mais famoso, ou aquele que marcou... no passado fim de semana!!
Fragilidades individuais – Apesar de pensar que a entrada do Porto poderia ter sido mais concentrada e agressiva do que foi, a sensação com que se ficou do jogo é que o Porto, de facto, deu o que tinha para ultrapassar aquela muralha ucraniana. Este sentimento leva a um outro, o de impotência. A verdade é que as saídas de Quaresma e Bosingwa retiraram grande parte da capacidade desequilibradora a este Porto que fica, assim, mais dependente de um Rodriguez desinspirado ou de um Mariano que, claramente, não pode mais como desequilibrador. A perda de qualidade do plantel começa a ser cada vez mais evidente, com maior peso a ser colocado sobre os ombros de Lisandro e Lucho, em termos individuais, ou da interpretação perfeita das acções colectivas. O Porto tem perdido várias unidades influentes nos últimos anos e, se os reforços não são capazes de dar uma resposta imediata ao mesmo nível dos que sairam, então não se pode esperar a manutenção de uma capacidade competitiva que vem sendo excelente nos últimos anos.
Situação – Esta fase de grupos está a meio e todos os cenários são possíveis. Para chegar aos oitavos, parece-me que o Porto precisa de fazer no mínimo, ou 6 pontos - ganhando na Ucrânia neste caso – , ou 7 pontos – em caso de empate na Ucrânia. Outra coisa que é evidente é que nem o apuramento para a Uefa é nesta altura um dado minimamente adquirido. Jogar com o Arsenal em casa na última jornada pode ser mesmo – tal como se havia antecipado – uma grande vantagem. De todo o modo esta será uma época, já se percebeu, de reconstrução colectiva para o Porto e muito do que se passará, quer internamente, quer externamente, vai depender da resposta que a equipa for dando ao longo do tempo.