23.10.08

Shakhtar - Sporting: Maturidade e felicidade

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Melhor o resultado – Este foi, não bom, mas um excelente resultado para o Sporting. A exibição, essa, como todos viram, teve momentos de oscilação, com manifestas e, até certo ponto compreensíveis, dificuldades em se impor em jogo. Houve certos aspectos – mais abaixo detalhados – que explicam estas dificuldades, mas há também que realçar a entrega e competência dos jogadores que, perante um adversário que tentou sempre manter uma atitude forte no jogo (jogava muito da sua época), souberam viver e sobreviver às dificuldades que sentiram, não perdendo a lucidez que lhes permitiu esperar pelo momento certo para chegar à vitória. Diria que foi uma vitória feliz, mas também fruto de uma grande dose de maturidade.

Shakhtar – Tal como ontem o referi sobre o Dinamo, repito-o para este Shakhtar. Para se analisar a exibição do Sporting tem de se compreender primeiro o que fez este Shakhtar. Ao contrário dos seus rivais internos, o Shakhtar é uma equipa que não é bem organizada, não defende bem e é susceptível ao erro. No entanto, e tal como descrevi anteriormente, o Shakhtar procura um futebol baseado num forte pressing (mesmo que não muito bem organizado) e numa atitude muito ofensiva quando ganha a bola, nomeadamente pela forma como adianta os seus laterais e como mantém sempre a intenção de atacar a profundidade em transição. A isto há que juntar a intenção de Lucescu em recorrer a um jogo mais directo, juntando Brandão a Moreno na frente, em vez de manter o 4-2-3-1 que vinha sendo utilizado na Champions. Todas estas características condicionaram a qualidade do jogo (particularmente no primeiro tempo) e a própria postura do Sporting, claramente pouco habituado a este perfil de jogo. Curiosamente, o Shakhtar foi mais perigoso no inicio do segundo tempo, quando passou a apostar mais numa lateralização do seu jogo, em vez da tal abordagem mais directa aos avançados.

As dificuldades – Na análise individual aos jogadores do Sporting, facilmente se encontrarão melhores notas dadas aos centrais, em contra ponto com os médios. Esta constatação resulta das próprias características do jogo que teve um grande espaço entre sectores, provocando maior desgaste aos médios e dificultando a sua tarefa em controlar o jogo. Por outro lado, o jogo directo do Shakhtar solicitou muito mais a intervenção dos centrais, com a bola a ser directamente jogada para a sua zona de acção e saltando o meio campo. Este foi o perfil de jogo procurado pelo Shakhtar e que, mesmo se não trouxe grande qualidade, perturbou a estratégia do Sporting. Mas porque é que o Sporting o permitiu? A meu ver a resposta prende-se com algum receio no posicionamento da sua linha mais recuada. Com os avançados a pressionar mais alto era necessário que a linha defensiva do Sporting se mantivesse alta. Ora, com os avançados do Shakhtar a ameaçar a profundidade, parece-me que os defesas do Sporting não tiveram confiança suficiente para encurtar o campo, recuando e abrindo o tal fosso no meio campo. Aqui é importante referir alguma pouca capacidade de recuperação de alguns jogadores que não se sentem tão confortáveis em jogar alto – Polga será o caso mais evidente.
Mas também com bola o Sporting não esteve tão bem como certamente Paulo Bento pretenderia. Primeiro há que falar no pressing do Shakhtar, sempre muito intenso sobre o jogador que recebia a bola. Depois, importa falar de alguma falta de discernimento na decisão de passe dos jogadores do Sporting. Na primeira fase de construção, nem sempre a decisão privilegiou uma saída em maior segurança, o que era importante para manter melhor controlo sobre os ritmos do jogo – as melhores fases neste capítulo foram os últimos 15 minutos de cada parte. Na segundo momento, raramente se viram as jogadas de envolvência que a equipa normalmente utiliza para chegar com perigo à área contrária. Aqui terá havido uma menor concentração (e, porque não dize-lo, tranquilidade) do que seria desejável.

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