Primeiro jogo "normal" – Este era o primeiro jogo normal do Benfica em casa. Quase todos os restantes jogos na Luz serão dentro desta tipologia e por isso tinha uma especial curiosidade em ver como se comportaria a equipa. Tal como foi evidente e reconhecido, a vitória foi mais sofrida do que o desejável e, se o Benfica fez o suficiente para marcar até mais cedo, o que mais preocupa é a incapacidade defensiva da equipa durante praticamente todo o jogo. À primeira o Benfica escapou mas arrisco dizer que é preciso melhorar sob pena de assistirem a alguns embaraços durante esta temporada.
Oscilações – A oscilação do jogo do Benfica foi abordada por Quique no final da partida e sentida por todos ao longo dela. Na realidade penso que, no caso, as oscilações resultam da variação dos próprios momentos emocionais do jogo. Se no inicio o Benfica teve dificuldade em pressionar e sair a jogar, vendo a Naval ser senhora da bola nos primeiros 15 minutos, quando assustou pela primeira vez os figueirenses, conseguiu inverter completamente essa tendência. É altamente relevante o papel do pressing encarnado, sobretudo após perder a bola, forçando o erro adversário e mantendo o jogo junto da área contrária. Quando conseguiu ser forte e agressivo neste particular, o Benfica conseguiu as suas fases de maior domínio, mas, como disse, estes momentos pareceram ser despoletados pelo efeito emocional das primeiras oportunidades. Pelo contrário, nas fases em que o seu jogo se torna menos intenso e constante, o Benfica revela mais dificuldades, sobretudo quando é obrigado a organizar jogo pelos centrais – isso foi evidente particularmente nos tais 15 minutos iniciais.
Controlo defensivo – Um dado que começa a ser recorrente e preocupante é a falta de controlo defensivo do Benfica. Aqui é incontornável falar, novamente, do problema de se definirem poucas linhas defensivas, deixando em dificuldades a última linha defensiva. Quando a equipa se estica no campo, abre um buraco perigoso e muito visível durante o jogo, à frente da defesa e nas costas dos 2 médios centro. Quando a defesa sobe para tentar reduzir esse espaço – e em certas situações torna-se inevitável que o faça – fica vulnerável nas suas costas. O lance de Marcelinho no inicio do jogo não é diferente do de Lucho ou Djaló, em jogos anteriores. É um problema de posicionamente e não de velocidade porque, por muito rápido que fosse um central, nunca poderia apanhar um jogador que sai daquela maneira em direcção à baliza.
Avançados – Torna-se evidente que há um “bom problema” para Quique. Suazo e Nuno Gomes estão num bom momento mas é Cardozo quem resolve. O paraguaio é, aliás, um luxo deste plantel. Quique definiu um modelo em que, claramente as características de Cardozo não são potencializadas – é um avançado mais fixo e menos móvel do que o aconselhável – mas a verdade é que o paraguaio é um jogador de grande qualidade e que parece ser mesmo capaz de discutir um lugar apesar do tal desajuste de perfil. O problema só deixará de ser “bom” se Cardozo reagir mal ao banco de suplentes, onde provavelmente acabará por iniciar a maioria dos jogos. Um caso a merecer a atenção do treinador.