Bom resultado – Neste modelo de grupos, um empate fora é, quase sempre, um bom resultado. Isto porque 5 a 6 pontos costumam ser suficientes para garantir o apuramento, ficando assim por garantir 4 a 5 pontos, com 2 jogos em casa. Não desfazendo este raciocínio mais calculista, há que dizer que este foi um jogo em que se esperaria outra capacidade do Benfica, sobretudo depois de se ter conseguido adiantar no marcador. Esse é, portanto, o lado negativo deste “bom resultado”. Frente a um adversário com um futebol interessante mas sem grande poderio, esperava-se que o Benfica soubesse gerir melhor um jogo que até lhe correu bem. Isso não aconteceu e a verdade é que o empate acaba por ser mesmo um bom resultado para as incidências do jogo.
Estratégia – O Hertha, como a maioria das equipas alemãs, é uma formação que se sente bem melhor a atacar do que a defender, criando muitas dificuldades no último terço de terreno onde faz chegar muitas unidades, mas sendo vulnerável defensivamente, particularmente pelos desequilíbrios provocados por essa “sede” ofensiva. Quique, sempre dentro do seu 4-4-2 clássico, terá entendido que a transição ofensiva seria a melhor forma de trazer um bom resultado da Alemanha e, para tal, colocou 2 extremos velozes capazes de dar largura e profundidade ao ataque, ao mesmo tempo que definiu uma zona de pressão alta, na expectativa de explorar algumas lacunas germânicas na saída de bola.
Se é verdade que o Benfica conseguiu o seu golo em transição, explorando a profundidade, tal como era estrategicamente pretendido por Quique, é também bom dizer-se que foram raros os momentos em que o Benfica o conseguiu fazer. Encontro 2 motivos para esta escassez. O primeiro tem a ver com a pouca capacidade do pressing encarnado para criar problemas ao primeiro momento de construção germânico. O segundo com alguma deficiência na saída em transição, com o primeiro passe a não lateralizar de imediato o jogo, um comportamento sistematizado pelo seu treinador.
Sem controlo – Há um dado estatístico que me parece sintomático neste inicio de época. Em 5 jogos oficiais, fora da Luz, o Benfica nunca ficou sem sofrer golos (9 golos sofridos). Este é um dado que encontra reflexo no que se tem visto no campo, e Berlim não foi excepção. É que o Benfica vem revelando uma grande incapacidade para controlar os seus jogos, particularmente nos momentos em que é fundamental fazê-lo por estar com resultado favorável (nos 5 jogos, tem 1 vitória, mas só num não esteve a ganhar). Um motivo que tem sido apontado por quase todos é a incapacidade para a equipa gerir melhor a posse de bola. É um facto que o Benfica revela essa incapacidade, mas parece-me redutor falar em individualidades quando é o próprio modelo que não privilegia a capacidade de ser forte em posse. Em construcção o Benfica não consegue criar apoios e linhas de passe que consigam envolver o adversário e isso resulta nas perdas de bola que se assistiram no final da primeira parte, numa incapacidade que já venho identificando desde a pré temporada.
Se o Benfica não consegue controlar pela posse, teria de fazê-lo pela eficácia da sua organização defensiva. Mas isso também não vem sucedendo (ontem, tal como em Matosinhos). A equipa parece demasiado dependente da eficácia da primeira fase do seu pressing e quando esta não funciona o meio campo revela francas dificuldades em impedir que o jogo chegue até à sua zona mais recuada. Aqui, tem de ser dito, o facto de se jogar com uma estrutura que tem apenas 1 linha de meio campo não ajuda, mas parece-me que pode e deve ser feito mais para contornar esta dificuldade evidente.
Se o Benfica não consegue controlar pela posse, teria de fazê-lo pela eficácia da sua organização defensiva. Mas isso também não vem sucedendo (ontem, tal como em Matosinhos). A equipa parece demasiado dependente da eficácia da primeira fase do seu pressing e quando esta não funciona o meio campo revela francas dificuldades em impedir que o jogo chegue até à sua zona mais recuada. Aqui, tem de ser dito, o facto de se jogar com uma estrutura que tem apenas 1 linha de meio campo não ajuda, mas parece-me que pode e deve ser feito mais para contornar esta dificuldade evidente.
Substituições – Como é hábito, no final do jogo, conhecido o resultado, são feitas as criticas às decisões que foram tomadas durante a partida. Volto a bater na mesma tecla, é profundamente limitativo avaliar-se um treinador pelas substituições e os jogos não se ganham ou perdem apenas pelas substituições. Mas vamos a elas...
A entrada de Suazo fez todo o sentido, pelas razões estratégicas que apontei. É um jogador que, ao contrário de Cardozo, dá profundidade ofensiva e era isso que Quique pretendia. Fica por saber porque é que não jogou de inicio (provavelmente limitações físicas). Apesar de estar a ganhar, Quique pareceu mais disposto a dar outra força à sua transição, num momento em que se sabia que o Hertha iria correr mais riscos. A entrada de Martins tem esse propósito, dar mais qualidade à saída em transição. Entre Katsouranis e Binya (partindo do princípio que não havia problemas físicos), Quique terá optado por manter a combatividade do segundo. Pessoalmente acho questionável a decisão (sobretudo optar-se por Binya em vez de Katsouranis) mas também tenho dúvidas se terá sido por isso que o Benfica deixou fugir 2 pontos. É que, tal como escrevi antes, a incapacidade de controlar o jogo pela posse é um mal estrutural e não fruto da incapacidade de um outro jogador.
De uma coisa estou certo. Se o Benfica tivesse feito o segundo todos elogiariam a sagacidade do treinador e, se tivesse tirado um extremo para colocar Martins e tivesse empatado, no final, seria criticado por ter sido defensivo. Era certinho...
A entrada de Suazo fez todo o sentido, pelas razões estratégicas que apontei. É um jogador que, ao contrário de Cardozo, dá profundidade ofensiva e era isso que Quique pretendia. Fica por saber porque é que não jogou de inicio (provavelmente limitações físicas). Apesar de estar a ganhar, Quique pareceu mais disposto a dar outra força à sua transição, num momento em que se sabia que o Hertha iria correr mais riscos. A entrada de Martins tem esse propósito, dar mais qualidade à saída em transição. Entre Katsouranis e Binya (partindo do princípio que não havia problemas físicos), Quique terá optado por manter a combatividade do segundo. Pessoalmente acho questionável a decisão (sobretudo optar-se por Binya em vez de Katsouranis) mas também tenho dúvidas se terá sido por isso que o Benfica deixou fugir 2 pontos. É que, tal como escrevi antes, a incapacidade de controlar o jogo pela posse é um mal estrutural e não fruto da incapacidade de um outro jogador.
De uma coisa estou certo. Se o Benfica tivesse feito o segundo todos elogiariam a sagacidade do treinador e, se tivesse tirado um extremo para colocar Martins e tivesse empatado, no final, seria criticado por ter sido defensivo. Era certinho...