7.10.08

Leixões - Benfica: O empate não foi o pior...

ver comentários...
Ainda o Nápoles – Tive a oportunidade de ver o jogo durante o fim de semana com maior rigor. De facto terá sido, nesse jogo visto por menos do que os desejáveis, que o Benfica realizou a sua melhor exibição da temporada. O Nápoles dividiu as oportunidades até ao primeiro golo, é certo, mas o Benfica conseguiu um domínio avassalador na primeira parte (curiosamente só ganharia na segunda quando até vinha perdendo o seu ascendente), baseado numa forte reacção à perda de bola e numa atitude muito intensa no jogo. A minha curiosidade para o encontro com o Leixões era por isso maior. Não esperava o mesmo nível num jogo de motivação e realidades diferentes. O que se assistiu, porém, foi uma grande desilusão face àqueles 35 minutos iniciais de Quinta Feira.

A pior exibição – Se o Nápoles foi a melhor exibição do Benfica, esta foi, em termos relativos, a pior. De facto, em Matosinhos viram-se 90 minutos de muito pouca qualidade do Benfica, que começou numa primeira parte sem superioridade mas com um golo que até parecia ter dado um outro rumo ao jogo. A verdade é que os efeitos emocionais do golo foram progressivamente desaparecendo e terminando num empate devolveu justiça a uma segunda parte preocupante do Benfica.
No modelo de Quique parece cada vez mais clara a importância do pressing. Se este não funcionar, o Benfica raramente consegue ser forte ofensivamente. Isto porque o seu futebol é orientado para um ataque rápido e não elaborado, que procura tirar partido da largura da equipa mas que precisa de se iniciar numa recuperação de bola para ter mais espaço. Em organização o Benfica permanece, tal como desde a pré temporada, sem ideias. O facto do pressing quase nunca ter sido suficientemente agressivo explica a incapacidade ofensiva durante os 90 minutos. O problema agudizou-se na segunda parte com a equipa a ceder à tentação de recuar perante o assalto leixonense e a proximidade do final do jogo. O problema é que o Benfica nem sequer soube baixar o bloco convenientemente, deixando os avançados demasiado adiantados (e sem qualquer utilidade defensiva) e uma linha defensiva muito baixa, deixando o meio campo com demasiados metros para defender. Ora, jogando numa só linha de 4, ou os médios encostavam na defesa, ou eram ultrapassados facilmente pelo adversário (com 1 linha e espaço, basta 1 passe vertical para ultrapassar o meio campo). Qualquer dos casos permitia ao Leixões chegar à área do Benfica sem grandes dificuldades e foi isso que sucedeu. A este cenário de má postura defensiva há ainda que juntar a evidente incapacidade para fazer da posse de bola uma arma de gestão do tempo e do jogo.

Leixões – Confesso que tinha algumas reservas em relação ao Leixões no inicio de época. Não pelo plantel que, tal como no ano passado, tem valores mais do que suficientes, mas porque José Mota me pareceu uma escolha com algum risco, já que era um treinador cuja fórmula estava muito orientada para a realidade de um clube, o Paços de Ferreira. A verdade é que, apesar da simplicidade dos seus métodos (criticáveis), Mota tem conseguido reproduzir a fórmula em Matosinhos, com bons resultados. É uma equipa aguerrida e difícil que tem uma referência individual para o colectivo. Wesley.
O que se passou em Matosinhos tem de ser visto, sobretudo, pela parte do demérito do Benfica que rendeu muito menos do que devia, mas o Leixões parece estar a preparar-se para ser um adversário incómodo, seja qual for o oponente.

Meio campo – Os comentários passaram grande parte da transmissão a elogiar Yebda. Reconhecendo a sua mais valia física, quer no choque, quer na área que percorre, tenho alguma dificuldade em me rever em tão rasgados elogios ao francês, a quem julgo faltar alguma inteligência e capacidade técnica para ser, realmente, um grande jogador. Aliás, creio que o meio campo do Benfica ganha sobretudo com Katsouranis, que é o jogador mais inteligente posicionalmente. Com o grego, e ao contrário do que acontecia com a dupla Martins-Yebda, há uma maior protecção do espaço entre linhas, isto porque Katso percebe melhor a importância dessa zona, mantendo-se mais posicional perante a maior propensão de Yebda para se aventurar em terrenos mais adiantados.
Ainda no que respeita ao meio campo, importa assinalar a evolução negativa de Martins que, na minha opinião, fica aquém de Ruben Amorim na função de médio direito.
Golos:

AddThis