21.7.08

Sporting: o desafio táctico de integrar Rochemback

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No primeiro jogo televisionado o Sporting fez-se apresentar com um número invulgar de caras novas (entre os 18 que jogaram apenas Daniel Carriço nunca fez de um plantel principal leonino). Este aspecto poderia fazer supor uma total ausência de necessidade ao nível dos ajustamentos tácticos para a nova temporada. A partida, no entanto, confirmou que a chegada de Rochemback deverá ter um importante peso no jogo leonino, implicando a sua integração algumas alterações nas dinâmicas ofensivas da equipa.

Olhando para o meio campo que vem de 07/08, parece claro que a integração de Rochemback deverá passar essencialmente pela posição 10 (embora possa desempenhar qualquer função do sector), muito pela dificuldade que Romagnoli revelou nos últimos anos em manter um nível exibicional constante, sobretudo em fases de maior densidade de jogos.

O que acontece, porém, é que as características e zonas preferenciais de acção de Rochemback e Romagnoli são bastante diferentes. O argentino aparece numa segunda fase ofensiva, sendo particularmente forte pela imprevisibilidade com que aparece a desequilibrar nas alas. Rochemback, por seu lado, prefere ser mais participativo numa primeira fase do jogo, chamando a si a coordenação do jogo ofensivo. A verdade é que o modelo de jogo do Sporting estava adaptado para as características de Romagnoli e com a integração de Rochemback no seu lugar, há um conjunto de dinâmicas que terão de ser alteradas, sob pena da equipa se tornar redundante na sua primeira fase de construção (com 2 jogadores a desempenhar a mesma função de coordenação) e sem a mesma capacidade de desequilíbrio no seu segundo momento ofensivo.

Que segundo momento para o 4-4-2 quase clássico?
Esta característica de Rochemback parece já ter sido antecipada por Paulo Bento, quando, à partida para férias, anunciou uma possível opção por uma outra variante do modelo, que recaísse sobre um sistema mais próximo do 4-4-2 clássico (ainda que não se possa afirmar que há uma linha de 4 clara no meio campo). Para já, percebe-se que Rochemback a 10 ditará esta mudança posicional, não se percebendo ainda quais as compensações para a segunda fase ofensiva. Uma possibilidade parece-me óbvia. Com um 10 mais próximo do 6, a equipa poderá manter-se mais larga na sua fase defensiva, sendo este aspecto importante para o momento da transição porque, ao contrário do que acontece com o losango, pode haver uma mudança de flanco mais rápida no momento da conquista da bola. O problema é que essa opção obrigaria a equipa também a defender mais baixo, sendo por isso pouco viável para jogos em que se busca maior iniciativa ofensiva. É por isso que para que este modelo seja uma opção mais realista é necessário haver alterações nas rotinas dadas ao segundo momento ofensivo leonino agora sem os desequilíbrios do 10 sobre as alas.

Veloso + Rochemback: oportunidade ou ameaça?
Um dos mais curiosos aspectos a verificar será a integração de Veloso e Moutinho (caso, de facto, venham a permanecer) em paralelo com Rochemback. Moutinho tem um perfil mais versátil, mas Veloso, tal como Rochemback, gosta também ele de ser o patrão da primeira fase ofensiva do Sporting. Aqui reside o desafio de Paulo Bento. Se conseguir criar rotinas que tirem partido desta excepcional capacidade de passe dos seus jogadores, pode tornar o Sporting numa equipa muito difícil de segurar, nomeadamente na sua circulação de bola. A ameaça está numa possível redundância de funções na primeira fase de construção, com prejuízo para o que acontece, depois, em zonas mais adiantadas. Uma coisa é certa, qualidade não falta a Paulo Bento.

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