8.7.08

Roberto Dinamite: Goleador, Político e Presidente

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Agora parece estar na moda dizer-se que o futebol precisa de colocar a “sua gente” nos lugares de decisão. Esta ideia da necessidade de pôr ex-jogadores à frente dos destinos do futebol não é algo que me entusiasme assim tanto, preferindo, como em tudo, defender um conceito mais voltado para a qualidade e competência para as funções. Talvez seja mais provável que estes requisitos surjam com mais facilidade em ex-jogadores, mas daí até fazer disso uma regra vai uma grande distância. Há, no entanto, casos em que a chegada de ex-craques a cargos directivos parece fazer todo o sentido. Um deles estreou-se no passado Domingo na tribuna, como Presidente, a assistir ao jogo do seu clube de sempre, o Vasco da Gama. Falo de Roberto Dinamite, ex-goleador vascaíno e recentemente eleito líder do clube.

Goleador
Dinamite, conhecido assim devido a uma manchete que o apelidou de “garoto dinamite” após o seu primeiro golo como profissional, foi um notável goleador dos anos 70 e 80 que faz parte das melhores memórias do futebol carioca (é o maior marcador de sempre em campeonatos brasileiros e cariocas) e, seguramente, do próprio Vasco, onde mantém estatuto de maior idolo de apesar da recente “febre” por Romário (Dinamite é, de longe, o jogador com mais jogos e golos pelo clube). Na sua carreira, Dinamite teve ainda presença nos mundiais de 78 e 82 – ainda que jogasse apenas em 78 – e uma experiência falhada no Barcelona, onde esteve apenas alguns meses em 1980, quando tinha 26 anos. Aí, surgiu um momento chave na relação de Dinamite com a torcida vascaína. É que, perante a incapacidade de se afirmar no Barça, ficou claro que o seu regresso ao Brasil seria rápido. Foi então que apareceu o rumor de uma eventual transferência para o Flamengo, rival do Vasco, imaginando-se uma hipotética dupla mortífera formada com Zico. A reacção do Vasco não se fez esperar, garantindo que o destino do jogador seria para a sua providência inicial, ou seja, São Januário. Dinamite foi recebido com estádio cheio e passou mais 9 anos a marcar pelo clube antes de, no final da sua carreira ter tido algumas experiências em clubes como a Portuguesa (curiosamente outro clube de “ascendência” lusitana) e o modesto Campo Grande, regressando depois ao Vasco para terminar a carreira em 1993.

Político e Presidente
Mas Carlos Roberto Oliveira cedo se revelou como uma personalidade de capacidades que iam para além das prestações nos gramados. Nos anos 90 e já nesta década foi diversas vezes eleito como deputado estadual do Rio de Janeiro. O seu destino, porém, parecia há muito ser a liderança do Vasco e, sobretudo, a derrota do anterior Presidente Eurico Miranda. Por comparação com Miranda, Dinamite é sem dúvida uma injecção de boa energia. Miranda é um dirigente de longa data do Vasco que depressa se tornou mediático aparecendo ligado a transferências importantes como a do próprio Dinamite do Barcelona para o Vasco, a de Romário para o PSV e ainda na muito polémica mudança de Bebeto do Flamengo para São Januário em 1989. A verdade porém é que Miranda – eleito Presidente em 2001 – havia sido ligado a uma sucessão de casos menos claros, muitos deles implicando em prejuízo do próprio clube. Num estilo populista que não é novo no futebol, Miranda foi conseguindo manter-se à frente do clube derrotando Dinamite em 2006 numas eleições muito contestadas por ter sido adulterado pelo próprio Eurico Miranda. O Vasco perdeu na estreia de Dinamite, 2-1 em Florianópolis frente ao Figueirense, mas vistas bem as coisas, Domingo até pode ter sido um dia positivo na história do clube.

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