Depois de Postiga e Rodriguez, Carlos Martins é o protagonista da terceira transferência deste defeso que envolve, ainda que de maneiras diferentes, 2 dos 3 grandes portugueses. Neste aspecto este está a ser um defeso totalmente atípico e não há certezas de que fique por aqui. Quanto à transferência de Martins diria, em poucas palavras, que é um risco para Benfica, uma desilusão para o Sporting e uma oportunidade para o jogador. Mas vamos por partes...
Benfica
Dizer que a contratação de Carlos Martins é um risco é quase uma redundância tendo em conta a história da carreira do jogador. Carlos Martins foi um jogador a quem cedo se reconheceu potencial, tendo características raras como a espontaneidade com que remata com os 2 pés ou a capacidade para protagonizar jogadas decisivas. O seu percurso carregado de lesões, primeiro, e questões de atitude ,depois, fez com que falhasse repetidamente nas oportunidades que lhe foram concedidas no Sporting, chegando aos 26 anos sem grandes evoluções no seu perfil como jogador.
A verdade é que longe de Alvalade Martins apresentou-se com uma regularidade bem maior do que aquilo que era habitual. Foi apenas suplente num jogo e falhou 6 dos restantes 37 do Recreativo na Liga (2 por suspensão e os últimos 4 por lesão). Um aspecto que é, no entanto, elucidativo de que tudo não foram rosas nesta passagem de Martins por Espanha é o facto de ter sido substituído 20 vezes (11 delas antes do quarto de hora final), o que não deixa de ser sintomático tendo em conta o peso que tem a qualidade técnica de Martins numa equipa como o Recreativo. Este é um dado que pode evidenciar algumas lacunas ao nível físico.
O Benfica aposta portanto em que aconteça aquilo que já aconteceu com outros jogadores também talentosos mas cuja a afirmação só se deu de uma forma mais regular com a maturidade de idades mais próximas dos 30 anos. De todo o modo, a aposta em Martins não deverá ser suficiente para impedir a contratação de mais um médio e avançado, previsivelmente, para entrar como primeiras figuras nas contas de Quique Flores. Se o treinador apostar, como se prevê, num meio campo com 2 homens na zona central e 2 avançados, então Martins poderá não ser uma primeira opção no lançamento da temporada, cabendo-lhe puxar pelos galões. De todo o modo, com as saídas de Rodriguez e o próprio Rui Costa, pode dizer-se que o Benfica bem que precisa de uma injecção de qualidade para o seu meio campo...
Sporting
Sai como o principal perdedor desta transferência, apesar do encaixe financeiro por um jogador que não fazia já parte do seu plantel. O Sporting vendeu Carlos Martins, resguardando-se com duas condicionantes que pareciam blindar o jogador de um eventual ingresso num rival, tantas são as más memórias com esse tipo de situações. A verdade, porém, é que Martins não desiludiu em Espanha, o Benfica não pagou muito dinheiro e, mesmo assim, o Sporting não impediu a transferência. O problema para o Sporting não é, naturalmente, a escassez dos 1,2 milhões que recebeu, mas sim o destino do jogador. Afinal, se o Benfica tivesse oferecido 3 milhões há um ano atrás, alguém acha que o Sporting venderia?
Carlos Martins
Aos 26 anos, Martins entra na fase decisiva da sua carreira. Ou se afirma no Benfica, podendo até, caso tal aconteça, passar a ser figura seleccionável. Ou então, caso volte a primar pela irregularidade, retira definitivamente as esperanças que alguém ainda possa ter nas explosão das suas qualidades, sendo a partir desse ponto altamente improvável que algum clube de topo lhe volte a conceder alguma oportunidade. Uma coisa é certa, a afirmação no Benfica será bem mais complicada do que aquela que aconteceu em Huelva.