Certamente não seria o fim de festa esperado, sobretudo depois de gorada a expectativa de ver um reforço de tirado da cartola durante a apresentação. Ainda assim, este não passa de um jogo de preparação e deve ser encarado como isso. Ou seja do jogo com o Celtic não deve ressaltar em primeiro plano a derrota, mas sim o resultado de algumas evoluções apresentadas.
Primeira Parte
Numa primeira parte dentro do modelo habitual, o Porto apresentou-se já bastante bem em alguns aspectos do jogo, sendo penalizado, no entanto, por um ritmo de jogo ainda baixo e, claro, pela ausência de pressão para chegar ao golo. Assim, destacaria a pressão como fundamento essencial do jogo portista, com o trio sul americano (Lisandro, Rodriguez e Mariano) em destaque pela agressividade revelada, o que permitiu vários roubos de bola. Outro ponto que se mostrou em bom plano foi a já bastante rotinada movimentação dos médios Lucho e Meireles, com o argentino a repetir a tendência do ano passado, soltando-se para o espaço entre linhas mas tendo em Meireles um contra peso notável pela percepção posicional que revela. Menos negativo, claramente, o jogo pelas alas. Pouca ligação com os laterais e escassa capacidade para provocar situações de desequilíbrio determinaram um jogo muito dependente dos passes de rotura de Lucho e dos efeitos da tal pressão alta portista.
Mas, deste período, importa sobretudo falar de 3 posições que o conjunto precisa de substituir no onze tipo para, pelo menos, manter a qualidade da interpretação do modelo de jogo:
Laterais: A saída de Bosingwa parece não ter substituição à altura, o que já se sabia ser difícil. Sapunaru parece ser um jogador com uma capacidade de explosão manifestamente inferior, não justificando deixar o corredor livre para as suas incursões (como acontecia com Bosingwa). Nas laterais, aliás, parece residir uma das grandes dores de cabeça de Jesualdo. Com Fucile a não manter o nível de crescimento exibicional revelado na primeira época e Benitez a não parecer acrescentar muito, aparece agora uma surpreendente oportunidade dada a Lino.
Médio defensivo: Já se percebeu que vai ser difícil substituir Assunção. Guarin é a primeira opção, mas o seu perfil não é exactamente o adequado para uma posição que, no modelo portista, é muito conservadora. Jesualdo parece também torcer o nariz ao desempenho do colombiano nessa posição e assim se explica a troca com Meireles em dado momento da primeira parte. Sobre essa hipótese confesso que me agrada em demasia a dupla Meireles-Lucho para que considere dever ser desfeita. As outras alternativas são Bolatti – que, francamente, terá muito para evoluir até ser credível – e o “outsider” Fernando, que precisa, antes de mais, de minutos para se perceber até que ponto pode ser opção.
Extremos: Este problema só se levanta em caso de saída de Quaresma. Os desequilíbrios nas alas não parecem ser tão frequentes como no passado. Aqui ver a questão apenas pelo aspecto individual e no que respeita a extremos pode ser redutor, até porque há a ligação com os laterais que também não tem funcionado. No entanto, a equipa parece ressentir-se da ausência de um jogador mais desequilibrador na faixa. A solução pode e deve passar por um maior enquadramento de Rodriguez com as acções colectivas e, claro, pelo regresso de Tarik.
Segunda Parte
A novidade foi, claramente, o 4-4-2 clássico. Parece boa ideia ter um modelo com sistema alternativo, mas tenho dúvidas sobre a capacidade de operacionalização desta hipótese. Parece-me muito mais fácil rotinar algumas dinâmicas diferentes no 4-3-3, nomeadamente dando mais enfoque ao meio campo e sendo capaz de defender com um bloco mais baixo (algo em que o Porto tem falhado nos últimos anos) do que esta solução, mas...
Para já fica a nota, dentro desta opção, para a presença de Lucho como ala direito (vindo sempre para o meio). Foi curioso ver como a tendência do jogo passou a balancear-se para aquele flanco...