17.7.08

Aimar: talento e risco

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Está finalmente terminada a novela Pablo Aimar! O Benfica garante o concurso de um jogador que, há algumas épocas a esta parte, seria impossível ter em Portugal, trazendo um acréscimo de interesse ao inicio do campeonato e, seguramente, uma nova onda de optimismo à sua massa adepta. É um negócio e uma contratação que, como explico à frente, creio dever ser olhada com mais cautelas do que euforias, mas não posso deixar de começar por dizer que Aimar é, de facto, um jogador tecnicamente extraordinário, capaz de comandar qualquer equipa da Europa nos seus melhores dias.

Aimar como Martins
A questão em torno de Aimar é, parece-me, parecida com a de Carlos Martins, mas de potencial e risco superior ao do português. Um olhar pelos números de Aimar nos últimos anos em Espanha confirma a escassa utilização e rendimento do jogador, mesmo depois de ter “descido um degrau” e rumado ao Saragoça. As suas temporadas foram pautadas por um misto de jogos empolgantes e uma série de outros em que as suas fragilidades físicas vieram ao de cima, sendo quase sempre substituído. Um caso muito semelhante à outra aposta, mais jovem e menos cara dos encarnados para a sua fase criativa, Carlos Martins. Pode, por isto, dizer-se que o sucesso do Benfica em 07/08 estará altamente dependente da sua capacidade para “ressuscitar” o rendimento destes dois talentosos jogadores.

Investimento financeiro em busca de um retorno exclusivamente desportivo
Ao contratar Aimar por 6,5 milhões de Euros e 4 épocas, o Benfica está a investir num jogador talentoso mas de risco. Aliás, o próprio Quique Flores saberá desta vertente menos positiva do jogador, já que foi precisamente Flores o treinador que permitiu a saída de Aimar para o Valência. Para além deste ter sido, provavelmente, o investimento mais avultado de um clube Português por um jogador de 28 anos, sabe-se que Aimar auferia 1,6 milhões de Euros por época no Saragoça, pelo que não deverá ser um jogador barato nas contas mensais do clube. Face à idade do jogador o Benfica sabe que este investimento considerável apenas poderá ter retorno no campo desportivo, algo que seguramente não acontecerá se Aimar repetir os escassos 53 minutos por jogo que apresentou no Saragoça.

Pubalgia um calvário já terminado
Uma nota importante em relação a Aimar tem a ver com as lesões. O jogador foi afectado por uma lesão no joelho na sua primeira época no Saragoça, mas esta não foi a mazela que mais afectou a carreira de Aimar. Durante vários anos o jogador foi acompanhado por uma pubalgia – lesão não forçosamente impeditiva, mas limitadora – o que motivou uma intervenção cirúrgica no inicio deste ano para tentar pôr fim ao calvário. O Benfica poderá esperar, por isso, que esta operação possa dar nova vida ao jogador, isto apesar de nos 8 jogos que Aimar realizou depois do regresso, em Abril, ter apenas feito 1 jogo completo, precisamente o último que ditou a despromoção da equipa.




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