26.7.08

Benfica - Blackburn: Fase embrionária... demasiado!

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Não é pela simples derrota, por pouco desejável que seja, que se devem levantar motivos de preocupação nos adeptos encarnados depois do que se viu frente ao Blackburn. A origem de alguma apreensão justifica-se, antes sim, pelo grau ainda aparentemente precoce de desenvolvimento do modelo de jogo a implementar. Quique Flores aparenta estar numa fase em que ainda se preocupa mais com a composição do plantel do que com a operacionalização da sua ideia de jogo. Ainda é cedo para se dizer que o Benfica corre riscos de ter algumas dificuldades nas primeiras jornadas (que, como se sabe, são importantes face ao sorteio do calendário), mas também não deixa de ser verdade que será importante que Quique Flores arrepie caminho no desenvolvimento do seu modelo. O facto de Sporting e Porto terem em 08/09 uma época de continuidade no que respeita à liderança implica um maior percurso a percorrer por parte do Benfica para que se apresente em finais de Agosto com uma ideia de jogo consolidada.

Primeira parte
Na primeira parte um 4-4-2 clássico com o objectivo de, numa primeira fase tirar partido da largura permanente da equipa e, depois, apostar nas jogadas de envolvimento junto aos flancos – foi assim que apareceu o primeiro golo. O Benfica até foi dominador no primeiro quarto de hora, mas, percebeu-se, muito à custa de uma entrada adormecida do Blackburn. Quando os ingleses começaram a pressionar e a impor alguma dimensão física ao jogo, o Benfica ressentiu-se, perdendo muitos duelos e sendo incapaz de sair das zonas de pressão.

Segunda Parte
No segundo tempo, uma história quase oposta à primeira. Em 4-4-1-1 e com mais jogadores que, à partida, serão primeiras escolhas no meio campo, o Benfica não entrou bem, sofrendo o terceiro golo como consequência dessa fase de menor acerto. A maior presença numérica no meio campo fez com que os encarnados recuperassem o domínio territorial da partida, mas raramente revelando entrosamento colectivo mínimo para tirar partido da maior capacidade de recuperação que agora tinham. Ainda assim, o Benfica conseguiu reduzir e até poderia ter chegado ao empate numa fase em que, é bom salientar, o próprio Blackburn voltara a um período menos positivo.

Sistemas alternativos, desenvolvidos em paralelo
Do balanço do jogo, e para além do que referi no inicio, fica a ideia de que Quique Flores deverá apostar mais num modelo que tenha o 4-4-1-1 como sistema para assim poder dar maior liberdade e influência a Aimar. Parece no entanto, claro que Quique quererá ter dois sistemas alternativos, sendo que no 4-4-2 a aposta para os flancos poderá ser feita em jogadores que não sejam extremos de origem. Reconhecendo as vantagens de se ter 2 sistemas alternativos fica-me, ainda assim, a questão se não seria mais aconselhável desenvolver, primeiro, um modelo preferencial e só depois o alternativo.
Finalmente, no que respeita a individualidades, parece-me que dos jovens que evoluíram Fellipe Bastos foi aquele que mais prometeu poder ser uma mais valia no imediato e, no que respeita a reforços, Balboa terá sido aquele que mais se fez notar. Aqui, mais uma vez, a questão da fase ainda precoce em termos de sistematização de rotinas colectivas tem um peso relevante em algumas exibições (por exemplo, na primeira parte, a tendência para Martins sair de posição e, na segunda, a dificuldade para fazer Aimar entrar em jogo).

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