30.7.08

Alemanha Sub 19 - O campeão europeu inesperado

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Associar a Alemanha a um titulo europeu de futebol pode nem ser, à primeira vista, uma ideia surpreendente. A verdade é que, no que respeita a escalões mais jovens, os germânicos têm uma tradição muito modesta e é por isso que este título de campeão europeu de sub 19 conseguido no passado Sábado frente à Itália (3-1) deve ser visto como um acontecimento menos comum do que seria de esperar. Na verdade, e pondo de lado este pequeno detalhe histórico, a Alemanha fez bem por merecer o triunfo, dominando o seu grupo (onde bateu a favorita Espanha) e eliminando a Rep.Checa – equipa organizadora – nas meias finais antes de conseguir esse notável triunfo por 3-1 frente à Itália numa final em que ficou muito cedo reduzida a 10 unidades.

Sistema táctico e opções
A disposição táctica coincide com aquela com que a Mannschaft começou por utilizar no Euro 2008, o 4-4-2 clássico. Aqui apenas uma pequena nuance dependente das opções do técnico, Hrubesch. Caso jogasse o mais poderoso avançado Richard Sukuta-Pasu este adoptava uma posição mais fixa, com Timo Gebhart a jogar mais vezes solto a partir do espaço entre linhas. A outra hipótese, apresentada por exemplo na meia final, passava por jogar com uma dupla móvel composta por Timo Gebhart e Dennis Naki, sendo, nesta opção, o 4-4-2 mais claro, com os avançados a jogarem lado a lado. As 2 linhas de 4, essas, foram sempre inalteráveis.
De resto, as opções iniciais também não variaram muito. De salientar apenas a possibilidade de Danny Latza (Schalke) poder ser uma opção frequente para o meio campo e para o papel polivalente de Deniz Naki (Leverkusen), que pode jogar como extremo ou avançado móvel, tendo desempenhado ambos os papeis como titular durante a prova.

Como defende?
Um sistema que utiliza duas linhas 4 aconselha sempre a apresentar um bloco defensivo especialmente compacto, aproximando as linhas para não permitir um aproveitamento das poucas linhas defensivas criadas. Esta ideia foi sempre respeitada pelos alemães e aqui reside um dos segredos do sucesso. Num bloco sempre baixo, a Alemanha permitiu muito poucos espaços para os adversários jogarem e conseguiu com isso filtrar grande parte das iniciativas ofensivas.
Em transição defensiva nem sempre estiveram tão bem, com alguns desequilíbrios a acontecer ocasionalmente, mas também não se pode dizer que fosse uma equipa exposta nesse sentido. A sua reacção à perda de bola tinha como principal objectivo garantir uma reorganização defensiva eficaz.

Como ataca?
A criatividade não um dos maiores atributos ofensivos desta jovem equipa. Organizando sempre a partir dos centrais, tem no capitão Florian Jungwirth (1860 Munique) um papel relevante. A troca de bola entre os centrais terminava quase sempre com uma subida com bola deste jogador, ou com o mesmo a protagonizar passes que solicitassem os movimentos dos 2 avançados. O meio campo tinha, por isso, um papel pouco relevante nesta primeira fase de construção, aparecendo numa fase seguinte. Destaque para as diferenças entre os extremos. Mais forte e insistente no 1x1, Savio Nsereko (Brescia) e mais posicional e inteligente sem bola Marcel Risse (Leverkusen).

Treinador
Horst Hrubesch – Poderoso avançado do Hamburgo está ligado à história do futebol europeu pelo seu papel no Euro80, sobretudo pelos 2 golos com que decidiu a final contra a Bélgica. Como treinador o seu percurso não foi tão positivo, passando por diversos clubes de segunda nomeada do futebol alemão. Chegou à Federação em 2000 e, aí, também não foi feliz, já que foi adjunto de Ribbeck no Euro 2000. Aos 57 anos consegue, claramente, o seu maior feito como técnico.

5 estrelas
Ron-Robert Zieler (Guarda redes, 19 anos) – O facto de ter sido detectado como potencial figura do futuro pelo Manchester United diz tudo. É um guarda redes invulgarmente seguro numa idade em que os erros são ainda muito frequentes. Tem grandes possibilidades de aparecer nos principais palcos dentro de alguns anos.

Florian Jungwirth (Defesa Central 19 anos) – Se o futebol alemão ainda privilegiasse nas suas formações a posição de libero, dir-se-ia que o capitão da selecção seria um “pequeno Beckenbauer”. Assim, reconhece-se todo o seu potencial pela qualidade e carácter que revela, mas, ao mesmo tempo, pode questionar-se se a sua estatura não poderá ser um handicap na hora de afirmação num futebol tão físico quanto o alemão. Quem sabe não poderá adaptar-se a médio defensiva na viragem para profissional?

Lars Bender (Médio centro 19 anos) – Forma com o seu irmão gêmeo, Sven (ambos jogam no Munique 1860), a zona central do meio campo. Apesar das semelhanças genéticas, Lars conseguiu outro destaque, mostrando-se mais participativo nas chegadas à área contrária e revelando boa capacidade de meia distância (fantástico golo na final). A sua cultura posicional fez com que fosse o escolhido para jogar como central quando Jungwirth foi expulso ainda na primeira parte da final.

Timo Gebhart (médio ofensivo 19 anos) – Mais um do 1860 Munique – atenção são 4 entre os titulares. Camisola 10, alia uma capacidade física acima da média a um nível técnico muito bom. É, pela amostra, uma grande promessa do futebol germânico, actuando muito bem nas costas do ponta de lança, embora também tenha jogado compondo a dupla da frente.

Richard Sukuta-Pasu (avançado 18 anos) – Mais jovem do que a maioria, este poderoso avançado do Leverkusen foi muitas vezes titular sendo o melhor marcador da equipa com 3 golos. Possante, rápido e bom tecnicamente é claramente um nome a ter em conta no futuro. Marcou o golo que deu a qualificação para a final, já sobre o minuto 120 e, quando a Alemanha jogava com 10 fez o 2-0 na final, ajudando a sentenciar o jogo.

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