30.5.11

Análise Barcelona - Man Utd (I): Estatística e opinião

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1- Na antevisão, havia confessado a minha dificuldade em antecipar qual a solução de Ferguson para conseguir conciliar 1)a necessidade de manter o jogo longe da sua área e 2) a sua aversão a correr riscos no posicionamento da última linha. A resposta não foi a que esperava, mas, devo dizer, foi ao encontro das minhas piores expectativas. A estratégia de Ferguson para o condicionamento da posse do Barça foi, a meu ver, e com larga distância, o factor que mais condicionou as possibilidades do United.

2- Voltarei ao tema com imagens, mas, para já, digo apenas que, apesar de Piqué e Busquets serem elementos importantes na construção blaugrana, estão longe de poder ser considerados "prioritários", face a outras unidades. Creio que a origem do pensamento de Ferguson e tentarei enquadrar a solução com um episódio passado, mas, para já, fica apenas a opinião de que ao tentar "prender" Piqué e Busquets, Ferguson deu também mais liberdade ao trio Xavi, Iniesta e Messi, e complicou ainda mais as possibilidades da sua equipa controlar o espaço entre linhas. O aproveitamento que o Barcelona fez desse espaço - de onde resultou a maioria das suas ocasiões, note-se - foi, e repito a opinião, o que mais desequilibrou a balança do jogo.


3- Para além do descontrolo no espaço entre linhas, o United denotou também grande incapacidade em provocar o erro e, como consequência, aproveitar o momento de transição para ser perigoso. É curioso, aliás, verificar que o United teve até uma quantidade razoável de posse de bola, com boa percentagem de sequência em posse e sem grandes problemas em termos de perdas de risco. Não são dados que se esperem frente ao Barcelona, mas esta constatação serve também para verificar como estes indicadores podem ser absolutamente irrelevantes num jogo de futebol. E são-no porque, por si só, não garantem, nem controlo defensivo, nem capacidade de desequilíbrio ofensiva. Em suma, o United comprometeu todas as suas possibilidades por aquilo que aconteceu no seu momento de organização defensiva.

4- Não é a primeira vez que o escrevo, mas parece-me que o Barça de hoje é o mais difícil de neutralizar. Mesmo, considerando a qualidade que Eto'o lhe trazia antes do erro que foi a sua troca por Ibrahimovic. E tudo tem a ver com o papel de Messi. A sua posição como falso avançado cria um dilema táctico, até agora sem resolução: nenhuma equipa arrisca perder presença na última linha defensiva, mas, ao manter essa prioridade, os adversários do Barça estão também a tornar impossível garantir superioridade nas zonas mais interiores, onde o Barcelona é mais forte. O ideal seria poder jogar com 12!

5- Volto, de novo ao tema dos 4 duelos com o Real Madrid. Não há paralelo possível entre aquilo que fez Mourinho nos primeiros 3 jogos - onde dividiu por completo as possibilidades de vitória - e aquilo que o United fez nesta final. A diferença, basicamente, está na noção de quais os espaços que são importantes condicionar. Mas há uma coincidência entre ambos os casos: depois da derrota, os dois treinadores serão acusados de terem sido demasiado "defensivos". O ponto, e outra vez, é que ninguém escolhe "atacar" ou "defender". Ataca-se quando se consegue e, para o conseguir, é preciso ser-se bom a defender. Essa foi a diferença entre Real e United: ambos jogaram "pouco" (até menos o Real) mas, ao contrário de Ferguson, Mourinho foi capaz de colocar a sua equipa a jogar "pouco", mas "bem". E, se o objectivo do futebol ainda é marcar mais e sofrer menos, então... é só isso que é preciso.

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