11.5.11

Barcelona - Real Madrid: Balanço final dos 4 duelos

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1- Repetindo uma ideia já passada, mesmo antes dos duelos terem lugar: nunca esteve em causa quem era melhor, apenas quem venceria. Dito de outra forma, não estava em causa o confronto de modelos e ideias base, mas a capacidade de uma equipa (Real Madrid) superar a reconhecida superioridade do adversário (Barcelona). O futebol tem interesse também porque nos abre essa possibilidade, e, nesse aspecto, estes duelos não defraudaram minimamente as expectativas.

2- Em 390 minutos de futebol, dá para dizer: o Real esteve ao nível das melhores expectativas. Não chegou para sair por cima no balanço final, mas chegou, seguramente, para andar lá perto, o que, tendo em conta a qualidade do Barcelona, já me parece notável. O balanço dos duelos dá-nos a constância do domínio e maior qualidade do Barcelona, assente no estilo que já ninguém ignora, mas teve durante grande parte do tempo uma divisão quase total da proximidade com o golo. Ou seja, o futebol do Real, goste-se ou não do estilo, foi capaz de controlar a posse do Barcelona nas zonas que menos dano poderiam provocar, potenciando, depois, o erro que pudesse desencadear perigosas transições. Foi assim, e até com ligeira superioridade "merengue", durante 270'.

3- A expulsão de Pepe, no terceiro jogo, foi, de facto, um momento importante no desequilibrar da balança. Não está em causa, obviamente, a decisão, mas, antes, a constatação objectiva de que o Real havia sido a equipa que mais desequilíbrios havia criado até aí (10-8), invertendo-se claramente esse saldo desse ponto até ao final quarto jogo (11-16). O motivo está ligado ao aproveitamento do Barcelona no restante do terceiro jogo (e respectiva incapacidade do Real na reacção), mas também ao quarto jogo. É que, nessa quarta partida, houve uma alteração estratégica do Real, que resultou - e apesar do empate - numa menor capacidade de controlo dos espaços essenciais e, como consequência, do maior potencial do adversário.


4- Tacticamente, destacaria alguns aspectos importantes e já abordados. Da parte do Real, várias opiniões confundiram (a meu ver) "querer" com "poder". Ou seja, o Real não teve bola porque não quis, mas apenas porque não pode. Não pode, nem nunca poderia, jogasse como jogasse. Dentro desta ideia, definir com rigor zonas de pressão era (e foi) essencial para conseguir, pelo menos, que a posse do Barça não chegasse com facilidade às zonas mais perigosas. A critica, na minha opinião, deve incidir muito mais numa incapacidade e algum receio notório em ter bola nas oportunidades que teve para tal. Percebe-se a aversão ao risco e o mérito do Barcelona, mas o Real deve e pode perfeitamente exigir-se mais.

5- Ainda nos detalhes tácticos, destacaria, da parte do Barcelona, a importância da abertura dos extremos, do 2º para o 3º jogo. Fixar os laterais à largura, foi fundamental para libertar mais espaço no corredor central. Do lado do Real, parece-me decisivo que não tenha havido uma exploração mais clara da fragilidade de Puyol em posse, a partir do terceiro jogo. Aliás, nesse jogo decisivo, também a ausência de Iniesta retirava a qualidade habitual na saída pela esquerda.

6- Estatisticamente, a generalidade dos indicadores estão em conformidade com aquilo que se esperava do futebol de ambas as equipas. Reflectem, no fundo, o estilo de uns e a estratégia de outros. Ficam mais alguns dados, em relação às ocasiões criadas: mais ocasiões do Barcelona através de remate (9 contra 2 do Real), enquanto que o Real "preferiu" finalizações na sequência de cruzamentos (4 contra 2 dos Barcelona). Nota para a grande diferença de preponderância dos guarda redes, com Casillas a ter 10 intervenções decisivas, enquanto que os guarda redes do Barça (Valdes e Pinto) acumularam apenas 1, em 4 jogos.

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