29.1.10

Futsal: O potencial da outra bola

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Não é futebol, é certo, mas porque tem o mesmo fundamento já mereceu aqui várias referências, ainda que fugazes. Hoje, aproveitando o feito histórico da Selecção Nacional, o futsal merece um pouco mais de atenção e, também, uma pequena reflexão. Quem vê, esquecido no canal 2 da Eurosport, o Europeu de Selecções e constata a pouca intensidade vivida nas bancadas, percebe a periferia da modalidade no palco mediático do desporto mundial. Quem já viu outros jogos, noutros locais e com outras equipas, percebe, facilmente, que o potencial do futsal vai bem para além desse pacato cenário.

O Brasil é o centro do mundo do futsal. De tal forma que até num campeonato da Europa isso é perceptível. Os motivos têm a ver com a longevidade da modalidade no país e, também, com aquilo que, afinal, pode fazer do futsal uma “bomba” prestes a explodir um pouco por todo o mundo. É que, se muitos dos que lêem este texto poucas ou nenhumas vezes jogaram um jogo de 11, duvido que, entre os leitores, alguém não tenha, várias vezes, jogado algo próximo do futsal. De facto, e este é ponto que quero vincar, nenhum outro desporto conseguirá maior identificação prática dos adeptos como o futsal.

É claro que isto não é por si só suficiente, porque, simplesmente, o futebol não consegue o seu mediatismo por uma mera paixão desportiva, mas sim pela entrega emocional dos adeptos à competição e, em particular, aos seus competidores. Ou seja, quando (ou melhor, se...) o futsal conseguir que os grandes clubes o abracem e tragam, dos estádios para os pavilhões, a mesma intensidade emotiva, então estão reunidas as condições para que a modalidade possa verdadeiramente “explodir” em termos mediáticos, tendo o potencial de, com o evoluir das gerações, tirar grande partido da grande identificação dos adeptos com a vertente prática da modalidade.

Portugal e o Mundo
Quem, por cá, já prestou atenção a um Benfica-Sporting (ou vice-versa) percebe bem o que quero dizer. Será, hoje, o jogo mais mediático extra-futebol, apesar da juventude da modalidade entre todas as amadoras. Pena que o Porto, Guimarães ou Braga não tenham, ainda, abraçado mais seriamente este projecto, com tudo para ser bastante rentável no tempo.

A outro nível, claro, o caminho é ainda mais longo. As ausências de Alemanha, Inglaterra ou França da principal competição europeia ilustram bem o longo caminho que ainda a percorrer em termos de atenção mediática. Não é, no entanto, de excluir a hipótese de ser a Europa Latina a catalisar o processo.

Dêem-nos uma bola!
Entretanto, num tempo que julgo ser de pré-história para esta modalidade, Portugal joga uma final europeia (aparentemente sem transmissão televisiva num canal nacional!) frente à vizinha Espanha. Os 6-1 da fase de grupos serão exagerados quanto às diferenças entre as Selecções, mas é um facto que uma vitória lusa não será menos do que uma enorme surpresa. Ainda assim, seja qual for o resultado que se venha a verificar, fica mais uma prova de que se há situação em que os portugueses são normalmente bons, é quando há uma bola para chutar.


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