7.9.09

Dinamarca - Portugal: agora sim... dependentes!

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Fosse este jogo disputado há um ano e tudo seriam sorrisos. Empate no terreno de um concorrente directo e, ainda por cima, com bons indícios sobre novos caminhos para o futuro do modelo de jogo português. O “timing”, a que já me referira na antevisão, faz toda a diferença. De pouco interessam as melhorias se Portugal confirmar aquele que será, provavelmente, o mais escandaloso falhanço da sua história em termos de fases de apuramento. Da Dinamarca e de mais um jogo de ineficácia, desta vez, apenas quase total sobra sobretudo esse detalhe de se depender agora de terceiros. Uma novidade, portanto.


Primeira parte: qualidade e... ineficácia
Mesmo sem Liedson, o losango confirmou-se. Portugal não esteve bem em todos os aspectos na primeira parte, mas foi, sem dúvida, esse o seu melhor período em termos qualitativos. O futebol apoiado e a qualidade técnica dos jogadores foram suficientes para conseguir uma grande superioridade sobre uma Dinamarca objectivamente modesta. Aliás, se há coisa que neste grupo abunda é a modéstia.

Portugal não foi perfeito. Não soube ser muito inteligente na forma como evitou o jogo directo dinamarquês, por não o fazer através do pressing alto e, ao invés, tentar concentrar-se na disputa das bolas aéreas, mas já perto da sua área. E, também, nem sempre criou os apoios necessários para circular com mais qualidade, o que é normal para quem tem tão pouco tempo neste modelo. Mas, apesar de disso, o que se viu foi muito bom e poderá ser uma boa base de partida para um modelo melhor e mais forte. Ou seja, a mudança que há muito venho pedindo. Pena foi, claro, que tenha tido como pano de fundo a ineficácia do costume. Um aspecto sobretudo mental, que foi onde Portugal mais caiu no “pós-Scolari”. Previsível.

Segunda parte: alma e... Liedson
Queiroz voltou a revelar a sua falta de tacto. Um erro comum e de que falei, por exemplo, no último post sobre Guardiola e a supertaça europeia. Ou seja, na análise que foi feita ao intervalo pesou, mais do que uma perspectiva qualitativa, uma outra, mais resultadista. A consequência foi a necessidade de mudar, não por se estar a fazer algo de errado, mas porque se estava a perder. Não tem lógica e, naturalmente, a qualidade diminuiu muito na segunda parte. Não tem a ver com a entrada de Liedson, mas sim com a alteração táctica (4-3-3), que retirou apoio à posse de bola. O outro aspecto que poderia ser penalizador era o factor psicológico e a forma como os jogadores poderiam lidar com a frustração. Mas, aí, Portugal esteve brilhante. Não parou, reagiu e, mesmo sem a mesma qualidade da primeira parte, voltou a impor-se totalmente no jogo. Apareceu Liedson e por pouco que a vitória não aconteceu quando já ninguém esperava. Este aspecto, o mental, será fundamental para o próximo jogo. Portugal entrou frustrado na Dinamarca e mais frustrado saiu. Os húngaros terão, como todas as equipas neste grupo, uma motivação especial por jogarem contra Portugal. Convém que essa motivação não encontre do outro lado uma equipa prestes a baixar os braços, até porque isso ainda não se justifica.

Uma nota, finalmente, sobre Liedson. Não fez um jogo soberbo (isso foi mais com Deco), mas confirmou o meu prognóstico de que marcaria. Foi apenas um palpite que poderia, facilmente, não se ter verificado. A verdade, porém, é que há coisas inexplicáveis no futebol e um pequeno exemplo é precisamente a apetência que Liedson tem para aparecer nos grandes momentos. É um pouco como o factor casa: ninguém sabe explicar concretamente porquê, mas que existe, existe...


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