16.9.09

Chelsea - Porto: Apenas reagir não chega

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Não há nada de errado em perder 1-0 num palco como Stamford Bridge. Muito menos se considerarmos a forma ameaçadora como o Porto terminou o jogo. Para perceber o problema desta derrota portista, sugiro que se recupere a última prestação forasteira na Europa. A visita a Old Trafford nos quartos de final do ano passado. A diferença tem a ver com a forma como, ao contrário dessa ocasião, desta vez o Porto não se impôs no jogo e apenas teve capacidade para ser autoritário depois do golo sofrido. Ou seja, o que se viu revela competência, sim, mas não para poder aspirar a grandes caminhadas nesta prova. E essa é a expectativa real dos adeptos portistas.

As opções de Jesualdo
Começando pelo tema que é, inevitavelmente, escalpelizado pelos adeptos no final de uma derrota. Sendo o mais claro possível, para mim, as opções de Jesualdo fizeram todo o sentido. E fizeram no inicio e não no fim, que é quando as criticas surgem, mas não quando o treinador decide. Porque, no fim, poucos ousarão criticar a opção por Guarin, mas, no fim, muitos questionarão o porquê de Mariano. O jogo não lhe correu bem, de facto, mas, se decidir no fim fosse possível, quem optaria, por exemplo, pelo Hulk que se viu em Stamford Bridge? Eu não, mas, lá está, isso era no fim.

As opções iniciais de Jesualdo fizeram sentido porque faz sentido colocar Hulk, como referência central para as transições num jogo deste tipo. Porque Belluschi não tem intensidade para um jogo em que defender bem era fundamental e em que a equipa passaria grande parte do tempo sem bola. E, finalmente, porque Mariano e Rodriguez são quem mais qualidade oferece ao pressing, sendo esse um aspecto fundamental para o sucesso no jogo.

O pressing, o problema da primeira parte
Já o venho dizendo há algum tempo. Lucho e Lisandro não fazem, obviamente, falta apenas num só aspecto do jogo, mas parecem particularmente difíceis de substituir pela qualidade que davam à equipa sem bola. E isso foi perfeitamente notório na primeira parte do jogo. Ou pelo menos, em boa parte dela. O Chelsea teve grande facilidade em empurrar o Porto para o seu meio campo e, a meu ver, esse só não foi um aspecto mais decisivo porque os londrinos não estiveram particularmente inspirados. Falhas excessivas ao nível do passe e alguma insistência pela zona central, aliados à falta que obviamente fazem Drogba e Bosingwa justificam esta exibição aquém do esperado. O pressing e a capacidade de defender bem, mais alto, são o motivo que distanciam o Porto de Stamford Bridge daquele que se viu no tal jogo de Old Trafford.

O pressing, a melhoria da segunda parte
Mesmo sem fugir a esse problema do seu jogo, o Porto sobreviveu ao melhor período do Chelsea na primeira parte e conseguiu mesmo crescer no jogo assim que soltou algumas transições que afectaram, visivelmente e a seu favor, a confiança das equipas. O pior parecia para trás quando o intervalo chegou, mas no futebol e a este nível, qualquer erro pode custar, num momento, 90 minutos de esforço. E assim foi. De um pontapé longo de Cech surge o golo que definiu o jogo, com um réu claro na jogada. Rolando.

O golo teria o efeito óbvio de dar ao Chelsea a primazia de poder jogar em transição, mantendo-se mais equilibrado com bola e arriscando menos, mas podendo ser, paralelamente, mais perigoso. Tudo mau, portanto, para o Porto. Foi um panorama que se viu durante alguns minutos mas que se inverteu com a entrada de Falcao. E porquê? Porque passou a pressionar melhor.

Hulk passou a primeira parte inteira a olhar para os centrais a trocar a bola, desconectado da restante equipa e retirando qualquer agressividade à primeira fase da pressão. Com a entrada de Falcao, a equipa ganhou agressividade e a posse de bola do Chelsea deixou de chegar confortavelmente ao meio campo contrário. Houve mais perdas e dificuldade em jogar, e o Porto conseguiu, por via disso, crescer territorialmente. Foi uma tendência gradual e que também conta com algum do demérito que já identifiquei na exibição dos ‘blues’. Um período bastante bom e que, com um pouco mais de eficácia, poderia ter dado um empate que, bem vistas as coisas, não se estranharia totalmente. Não aconteceu e, porque foi quem mais fez por isso, o Chelsea também ganhou bem.

Individualidades
Algumas notas breves. No Porto, Fernando pareceu-me o melhor particularmente no período em que o Porto mais sofreu na primeira parte. Hélton, ao contrário do que é hábito nestes jogos, também foi decisivo. No outro pólo estiveram Mariano, bem sem bola, mas comprometedor para as saídas em transição, e, muito especialmente, Hulk. Quer sem bola, quer com ela, Hulk esteve mal, estranhando-se a repetição de uma exibição pobre em solo britânico, de longe as piores de dragão ao peito.

No Chelsea, Essien é fantástico para controlar as transições defensivas, permitindo à equipa correr alguns riscos posicionais com bola, mas não me parece a melhor solução para o primeiro passe ofensivo e o Chelsea sofreu um pouco com isso. Finalmente, referir o contraste entre as exibições de Carvalho, que sabe o que o adversário vai fazer, antes do próprio, e Ballack, um verdadeiro caso de desinspiração total.

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